Resumo |
A Mata Atlântica é um dos biomas mais ricos em biodiversidade do mundo. Entretanto, as constantes ações antrópicas sofridas ao longo dos anos a tornaram fortemente fragmentada, o que fez com que sua biodiversidade fosse afetada. Estudos científicos voltados para a prognose da distribuição diamétrica ao longo do tempo são muito importantes para auxiliar na conservação e na dinâmica de sucessão dos fragmentos de florestas secundárias da Mata Atlântica. Desta forma, o objetivo do estudo foi prognosticar a distribuição diamétrica de um fragmento florestal por meio da cadeia de Markov. O estudo foi realizado em um fragmento de Mata Atlântica, conhecido como Mata da Silvicultura,em estágio médio de regeneração, com 17 ha, localizado na Universidade Federal de Viçosa-MG. Dez parcelas permanentes de 1000m² (20m x 50m) foram inventariadas nos anos de 2013 e 2016, onde foram coletados os dados de altura e circunferência a altura do peito (CAP) de todos os fustes com DAP ≥ 5 cm. A mortalidade e o ingresso foram contabilizados no período de monitoramento. A distribuição diamétrica foi projetada para os anos de 2016 e 2019. Para testar a significância estatística entre as distribuições diamétricas projetadas e observadas para o ano de 2016, foi utilizado o teste de aderência de Kolmogorov-Smirnov (K-S), ao nível de 5% de probabilidade. A densidade observada em 2013 e 2016 foi de 1388 fustes ha-1 e de 1394 fustes ha-1, respectivamente. Já a densidade estimada para o ano de 2016 foi de 1394 fustes ha-1. A distribuição diamétrica estimada não diferiu estatisticamente dos valores observados pelo teste de Kolmogorov-Smirnov (p-valor < 0,05), comprovando a eficácia da cadeia de Markov em realizar a prognose do fragmento florestal. A partir dessa comprovação, projetou-se a distribuição diamétrica para o ano de 2019. A densidade estimada para esse ano foi, também, de 1394 fustes ha-1. No entanto, houve alterações do número de fustes nas classes diamétricas, principalmente no centro de classe de 7,5 cm, que passou de 802 fustes ha-1 para 835 fustes ha-1 devido ao ingresso de novos indivíduos. A igualdade do número de fustes ha-1 estimados para o ano de 2016 e 2019 pode ser explicada pelo curto período entre inventários florestais e pela pouca diferença de densidade entre os dados observados, uma vez que a mortalidade (200 fustes ha-1) foi próxima ao número de ingresso (206 fustes ha-1). Além disso, a presença de classes absorventes pode ter afetado a probabilidade de transição entre as classes diamétricas. Desta forma, conclui-se que o fragmento florestal continuará apresentando uma distribuição diamétrica no formato de “j-invertido”, mas com uma densidade estagnada caso não haja algum distúrbio natural (dinâmica de clareiras) ou antrópico (manejo florestal) para promover o crescimento da floresta. |