Resumo |
A artrite encefalite caprina (CAE) trata-se de uma enfermidade multisistêmica causada por um Retrovírus pertencente à subfamília Lentivirinae. A principal forma de transmissão é por meio da ingestão de colostro e leite de animais infectados, ocorrendo também por via intrauterina e contato direto com secreções vaginais, respiratórias, sangue e saliva. As manifestações clínicas mais comuns são a artrite, leucoencefalomielite, pneumonia intersticial e mastite. A manifestação neurológica acomete principalmente cabritos de um a cinco meses de idade, apresentando fraqueza muscular, paresia ou ataxia dos membros posteriores, andar em círculos, cegueira, nistagmo, tremores e inclinação da cabeça. O objetivo deste resumo foi relatar uma manifestação neurológica da CAE. Uma cabra de 1 ano, da raça Parda Alpina, com 45 kg, pertencente a Unidade de Ensino, Pesquisa e Extensão em Caprinocultura da Universidade Federal de Viçosa (UFV), foi atendida no capril apresentando sinais neurológicos e encaminhada para o hospital veterinário da UFV. O animal havia sido encontrado apresentando alterações neurológicas e foi relatado que o animal era soropositivo para o vírus da CAE. Durante o exame físico o animal apresentou taquipneia, desidratação de 7%, estação em base ampla, nistagmo, prolapso de terceira pálpebra direita, tetraparesia, “head tilt”, sialorreia, lesão do nervo facial na região aurículo palpebral no antímero direito da face, e incoordenação da marcha. O hemograma do primeiro dia demonstrou eritrocitose relativa por desidratação (23,42x10⁶/µL VR: 8-18x10⁶ /µL), os valores de leucócitos normais, porém com inversão de linfócitos (19% - VR: 50-70%) e segmentados (68% - VR: 30-48%); e monocitose (12% - VR: 0-4%), demonstrando estar ocorrendo um processo inflamatório/infeccioso. Passados dois dias em novo hemograma, persistia a inversão de linfócitos (33%) com segmentados (66%), evidenciando a persistência do processo inflamatório/infeccioso. As suspeitas foram encefalite viral, encefalite bacteriana e polioencefalomalácia. O tratamento consistiu na hidratação parenteral com solução salina 0,9%, DMSO (0,6g/kg, SID, IV à 3% em solução salina 0,9%) por 3 dias, Dexametasona (10mg, SID, IV) por 3 dias, Tiamina (1g, SID, IV) por 3 dias, Penicilina Benzatina (22000 UI/kg, SID, IM) por 5 dias , Gentamicina (6,6mg/kg, SID, IV)por 5 dias e Manitol (3mg/Kg, IV) 1 dose. Decorridas 3 horas de tratamento, o animal apresentou melhora nas manifestações neurológicas, e deu-se continuidade à terapêutica. Entretanto, no 6º dia de internamento o animal veio a óbito. Nos achados da necropsia, foi observado abscesso hepático e congestão cerebral. Devido a semelhança dos sinais clínicos apresentados com os relatos da literatura, o tratamento foi estabelecido com o objetivo de controlar as manifestações neurológicas, levando em consideração que o animal já era soropositivo para o vírus da CAE. |