Resumo |
As penas são estruturas renovadas periodicamente durante o ciclo de vida das aves, o que implica em alto custo energético. Dessa forma, objetivou-se caracterizar o período de muda e de reprodução de aves na Mata Atlântica. Foram realizados campos com montagem de redes de neblina, de agosto/2018 a junho/2019. Todas as espécies foram analisadas na Estação de Pesquisa, Treinamento e Educação Ambiental “Mata do Paraíso” em Viçosa, Minas Gerais. Os indivíduos capturados foram marcados com anilhas do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE), inspecionados quanto à presença de penas em crescimento e placa de incubação- processo característico do período reprodutivo de aves- e liberados no local. Posteriormente, os registros foram comparados com dados coletados na mesma área entre 2012 e 2013. Foram capturadas 433 aves de 46 espécies, com 95 recapturas durante o período. Houve 95 registros de troca de penas de voo das aves, sendo mais de 300 penas em crescimento. A muda começou em dezembro e se estendeu até o começo de maio, ocorrendo durante o período chuvoso. Já as placas de incubação iniciaram em outubro, tendo o último registro em abril, sendo aproximadamente 100 placas de incubação. Além disso, a troca de penas ocorreu de maneira singular para cada espécie, sendo que algumas substituem todas as penas de voo em dois meses, enquanto outras demoram esse tempo para trocar apenas a metade delas. A sobreposição de indivíduos com muda e indivíduos com placa de incubação se deu de dezembro a abril. Apenas 20 indivíduos apresentaram placa e muda simultaneamente, sendo que a maioria (n=11) se deu em fevereiro. Quando comparado aos dados do mesmo local em 2012/2013 é possível perceber o mesmo padrão para troca de penas: começando em dezembro e se estendendo pelo período de chuva. Entretanto, eles mostram um pico de mudas no mês de junho, que não foi registrado nesse trabalho. Quanto ao período reprodutivo, os dados mostram um padrão unimodal com pico em janeiro, enquanto em 2018/2019 é bimodal, com um pico em outubro e outro em fevereiro. Essas discrepâncias podem ter sido ocasionadas por diferenças no ciclo de chuvas, já que isso interfere diretamente na disponibilidade de alimentos para os animais, o que é um fator crucial, principalmente quando analisamos processos que demandam grande energia para acontecerem. Conclui-se que o período reprodutivo e a muda estão relacionados, tendo uma sobreposição parcial e uma tendência inversamente proporcional entre os dois processos. A continuação desse estudo é fundamental para conclusão do padrão de mudas de aves de sub-bosque da região de Viçosa, para compreender as diferenças geradas entre os dados de 2012/2013 e 2018/2019. Assim como se estabelecer padrões para as famílias individualmente. |