Resumo |
A escritora Clarice Lispector nasceu em 1920, em Tchetchelnik, aldeia da Ucrânia, mas viveu em Maceió, Recife, Rio de Janeiro, Nápoles, Berna, Torquay e Washington. Muitas vezes, teve sua carreira como escritora associada ao seu trabalho de jornalista. Durante o período de 1967 a 1973, publicou crônicas semanais todos os sábados no Jornal do Brasil, entretanto, sua presença em periódicos brasileiros teve início na década de 1940, com contribuições para o semanário de literatura “Pan” e a revista “Vamos ler”, filiada ao grupo “A noite”, no qual Lispector trabalhava como jornalista desde 1940. O projeto tem como objetivo geral analisar as matérias publicadas no JB sobre esta escritora, entre os anos 1940, quando ela publicou suas primeiras obras, e o final dos anos 1960, quando já é uma escritora reconhecida do grande público, visando refletir sobre possíveis diálogos e contribuições dessas matérias para a recepção crítica de sua obra, assim como para aspectos importantes da história cultural do Brasil. As etapas da pesquisa foram divididas da seguinte maneira: estudo sobre a história da imprensa no Brasil e a história do Jornal do Brasil; estudo sobre vida e obra de Clarice Lispector; leitura, fichamento e catalogação das reportagens publicadas sobre a escritora, disponíveis na Hemeroteca Digital; e análise e discussão dos dados obtidos, visando elaboração de textos críticos. Nos anos 1940, há apenas três ocorrências do nome “Lispector” no JB, duas delas referente à escritora e irmã de Clarice, Elisa Lispector. Esse dado ajuda-nos a concordar com Benedito Nunes quando destacou que, com a publicação de “Perto do coração selvagem”, a escritora era “conhecida apenas entre críticos e escritores”. Na década de 1950, quando Lispector ainda vivia fora do Brasil, observa-se notícias de novas publicações, elogios a sua obra e apoio/campanha para que o romance “A maçã no escuro” seja publicado, algo que só ocorrerá em 1961. Na década de 1960, são 518 ocorrências. Dessas, 73 são dedicadas à publicação de “Laços de família” (1960), mais uma vez, é Benedito Nunes quem nos auxilia a entender a importância desses dados quando destaca que, com o aparecimento do livro de contos “Laços de família”, Lispector “conquistou o público universitário”. Desde os anos 1950, Lispector é apresentada como uma grande escritora no JB. Os dados obtidos mostram-se muito importantes para aprofundarmos discussões sobre a recepção da obra clariciana, permitindo-nos observar mais atentamente o alcance da mídia no campo da produção erudita. |