Resumo |
A microcefalia trata-se de uma malformação congênita, onde o cérebro não tem o desenvolvimento adequado. O perímetro cefálico dos recém-nascidos com essa condição é inferior a dois desvios-padrão da média para a idade e sexo, tornando propenso o surgimento de alterações cerebrais e problemas no desenvolvimento neurológico. Alguns fatores podem contribuir para a ocorrência desse quadro, tais como a exposição da gestante a alguns processos infecciosos (toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes, sífilis – TORCHS), consumo de álcool, drogas ilícitas ou medicamentos teratogênicos, contato com substâncias químicas ou radiação ionizante e fatores genéticos. Soma-se a esses riscos, agora, a infecção causada pelo Zika vírus (ZIKV) durante a gestação. O Brasil vivenciou um surto de microcefalia no ano de 2015. Diversas pesquisas relataram associação entre o crescente número de casos de microcefalia e o surgimento do ZIKV no país. Nesse sentido, o objetivo deste estudo foi discutir a literatura que aborda a síndrome congênita associada ao Zika vírus (SCZV) e sua relação com as condições socioeconômicas das localidades brasileiras. A revisão de literatura foi realizada no primeiro semestre de 2018 utilizando a estratégia PICOS nas bases de dados online PubMed, Scientific Eletronic Library Online (Scielo) e Scopus. Os critérios utilizados na busca foram artigos em inglês e português, entre os anos de 2015 a 2018, período posterior ao aparecimento dos primeiros relatos de relação entre microcefalia e ZIKV no Brasil. Os critérios de exclusão foram outros idiomas, anos anteriores, livros, editorial, artigo de opinião e artigos não disponíveis na íntegra. Após os procedimentos de pesquisa, foram selecionados 11 artigos. Nos artigos analisados, encontraram-se resultados que indicam que grande parte da população brasileira está exposta ao ZIKV, visto que o território nacional tem clima propício à proliferação do Aedes aegypti (mosquito transmissor). Confirmaram-se que fatores socioeconômicos podem impulsionar a SCZV, como urbanização desordenada, condições insalubres de moradia, densidade populacional, pobreza, etc. Concluiu-se que o combate à SCZV não está restrito às políticas de saúde, pois ações que promovem melhorias nas condições de vida (como saneamento básico), somadas a políticas mais amplas de desenvolvimento (como o combate à pobreza), podem surtir relevante efeito benéfico sobre o referido quadro. |