Resumo |
A Bacia Hidrográfica do rio Doce possui uma extensão total de 853 Km e uma área de drenagem de 83.431 Km2, sendo uma das drenagens mais comprometidas em termos de impactos antrópicos, incluindo assoreamento, poluição, regularização do fluxo da água por barragens e a introdução de espécies exóticas. Pouco se sabe sobre a composição e distribuição da ictiofauna na bacia. A riqueza estimada, segundo a Sociedade Brasileira de Ictiofauna (SBI - Boletim número 123) (2017), é de 226 espécies. Evidencia-se a importância da bacia do rio Doce dada a sua elevada diversidade biológica, juntamente com a do rio São Francisco, bem como sua representatividade na riqueza total de peixes de água doce em todo o estado de Minas Gerais. O objetivo do presente estudo foi reunir as informações da literatura em um guia de identificação da ictiofauna da bacia do rio Doce. Para tal construção, inicialmente consultamos uma lista das espécies até então diagnosticadas na bacia, a qual se encontra disponibilizada no Boletim 123 da página da SBI. Posteriormente realizamos o levantamento bibliográfico sobre as espécies e a bacia, para a escrita dos textos descritivos contendo classificação taxonômica dos peixes, nome popular, nome científico, distribuição geográfica, caracteres morfológicos de identificação, estado de preservação e possíveis informações sobre a ecologia, acompanhados de uma foto ilustrativa. Complementando arcabouço teórico, foram realizadas coletas em diversos pontos na calha principal do alto e médio rio Doce e em alguns de seus principais afluentes. Os espécimes coletados foram identificados e fotografados. Até o presente momento, consultamos cerca de 250 fontes bibliográficas, as quais reúnem informações sobre 116 das 226 espécies listadas. A partir dos dados obtidos, verificamos uma variação em termos de disponibilidade e acessibilidade de referências entre os grupos revisados. De modo geral, encontramos maior dificuldade em acessar informações sobre a ordem Siluriformes em relação à Characiformes. Dentro de cada ordem há essa variabilidade entre as famílias e os gêneros, dado que alguns gêneros são menos conhecidos por razões de foco de pesquisa, prioridade, dificuldade de conhecer alguns dados biológicos e ecológicos. Nesse sentido, a obtenção de dados ecológicos, em geral, é mais limitada do que as descrições morfológicas. Ao final deste estudo, esperamos suprir as lacunas do conhecimento da diversidade de peixes e contribuir com uma ferramenta prática para o reconhecimento das espécies de peixe no campo (seja por pesquisadores, pescadores ou população ribeirinha), a fim de ampliar o conhecimento e conscientização da população sobre a preservação das espécies nativas, ameaçadas e endêmicas. |