Resumo |
A violência acompanha a trajetória do processo civilizatório da humanidade e é um condicionante para inquietação da sociedade e reflexão sobre sua origem, natureza e o porquê de acontecer. A violência contra a mulher, apesar de não ser fenômeno recente, tem sua discussão em voga especialmente nas últimas décadas, quando da criação de leis e estudos específicos sobre o tema. Analisando os estudos sobre violência nas Universidades, observa-se que as mulheres são as mais vitimadas, que apontam sentir mais sensação de insegurança e deixam de realizar determinadas atividades por receio de ser vítima de alguma forma de violência. Sendo assim, o presente trabalho buscou analisar a violência contra mulher na Universidade Federal de Viçosa, tendo como base teórica as teorias da Vitimização, muito utilizadas nos estudos de Criminalidade, mas quase inexistente na literatura brasileira neste foco de análise. O principal objetivo foi verificar se existem caraterísticas individuais e fatores associados ao estilo de vida e ao ambiente social do indivíduo que pode estar relacionado com a probabilidade do mesmo ser vitimado. Como metodologia utilizou-se de um modelo de escolha qualitativa, o logit, utilizado na econometria para estudar fenômenos em que existe a probabilidade do evento ocorrer ou não. As variáveis utilizadas no trabalho foram escolhidas através dos principais estudos mapeados na literatura internacional e nacional. Os resultados apontaram que existem fatores individuais e relacionados ao estilo de vida do estudante que podem contribuir para a probabilidade desse sofrer alguma forma de violência. Entre as variáveis que apresentaram significância estão o sexo, indicando que as mulheres são mais prováveis de serem vitimadas; a orientação sexual, onde os não heterossexuais apresentam maior probabilidade de vitimização; consumo de álcool, mostrando que os estudantes que fazem seu uso são os mais prováveis de serem vitimados; e a sensação de insegurança, apontando que aqueles que se sentem inseguros no campus têm maior probabilidade de sofrer algum tipo de violência. Observou-se ainda que na maioria dos casos a vítima conhecia o agressor e não realizou denúncia por não saber a quem recorrer ou não confiar nas resoluções da Universidade. Os resultados são relevantes à medida que fornece embasamento para possíveis políticas públicas, destinadas a conscientizar a população universitária contra a violência e discriminação, promover a redução da sensação de insegurança e ao mesmo tempo oferecer suporte às mulheres vítimas de violência no campus. |