Resumo |
Potros são bastante susceptíveis à artrite séptica, particularmente nos 30 primeiros dias de vida, podendo estar associada a falha total ou parcial na transferência de imunidade passiva. Clinicamente se caracteriza por aumento de volume articular e de temperatura local, dor à palpação e claudicação. O quadro necessita atenção imediata, uma vez que pode afetar não apenas a epífise ou placa epifisária, mas também o osso subcondral. Um potro da raça Mangalarga Marchador de 28 dias de idade, pertencente à Unidade de Ensino, Pesquisa e Extensão em Equideocultura da Universidade Federal de Viçosa, apresentou hiporexia, apatia e elevação da temperatura corporal. Esfregaço de sangue capilar revelou a presença de Theileria sp, sendo o animal tratado com dipropionato de imidocard e butilbrometo de escopolamina. Adicionalmente, foi administrado agente antimicrobiano (sulfametoxasol associado a trimetropim: 30 mg/kg/cada 12 h/7 dias) e anti-inflamatório não esteroidal – AINE (flunixim meglumine: 1,1 mg/kg/ cada 24 h/4 dias), devido à leucocitose detectada no hemograma. Passados três dias, embora o animal se encontrasse ativo e com apetite, foi observado aumento de volume bilateral nos membros pélvicos. Na avaliação física, foi constatado quadro compatível com artrite nas articulações tibiotársicas, acompanhado de claudicação. Líquido sinovial obtido de ambas articulações estava com viscosidade diminuída e com coloração amarelo escura. Novo hemograma revelou persistência de leucocitose, sendo, portanto, realizada lavagem das articulações utilizando ringer com lactado (500 mL), seguida da administração de 100 mg de gentamicina. O AINE foi mantido por mais dois dias e o antibiótico alterado, sendo utilizada uma cefalosporina de terceira geração (Ceftiofur: 2,2 mg/kg/cada 12 h/7 dias) e gentamicina (Pangram®: 6,6 mg/kg/cada 24 h/5 dias), administradas por via intravenosa. Além disso, foi realizada aplicação tópica de dimetilsulfóxido em gel por 10 dias. Após cinco dias foi constatada marcada melhora do aumento de volume do membro pélvico esquerdo, e moderada do direito. Portanto, nova terapia foi instituída, sendo realizada perfusão regional (antibiose) com gentamicina (2,2 mg/kg) diluída em solução salina a 0,9% em ambos os membros pélvicos, utilizando a veia safena. Houve marcada melhora do quadro clínico duas semanas após, com completa remissão do caso 30 dias da última terapia instituída. O sucesso do tratamento da poliartrite pode estar associado a vários fatores, mas o mais importante foi certamente a rápida introdução de uma terapia apropriada e específica para a afecção, não permitindo que o quadro evoluísse para a formação de fibrina intra-articular e, possivelmente, lesão óssea subcondral. Ainda assim, é fundamental destacar que a resolução completa do quadro clínico é demorada, devendo o proprietário está ciente desta informação. |