Resumo |
A contaminação de solos nos campos petrolíferos é um problema ambiental comum associado à produção de petróleo e é causada por derrames acidentais ou por vazamentos resultantes de rupturas em tanques de armazenamento ou em oleodutos. A contaminação envolve o óleo cru e a água de produção salina, acumulando sal nos solos. A alta salinidade inibe a biodegradação dos hidrocarbonetos de petróleo por microrganismos nesses locais. O trabalho avaliou o efeito de diferentes concentrações de óleo cru e da salinidade sobre a biodegradação de hidrocarbonetos de petróleo em solo de campo petrolífero. Foi realizado um experimento em microcosmos contendo 100 g de solo, aos quais foram adicionadas 30 g kg-1 de composto de resíduos sólidos urbanos e nutrientes inorgânicos, em concentrações finais de N, P e K de 120, 200 e 80 mg kg-1, respectivamente. Para analisar o efeito da concentração de óleo cru, os microcosmos foram contaminados com 0, 10, 30, 50, 70 e 100 g kg-1 de óleo cru; para analisar o efeito da salinidade, os microcosmos foram contaminados com 30 g kg-1 de óleo cru e receberam doses de NaCl equivalentes a 0, 25, 50, 75, 100 e 150 g kg-1. Os microcosmos foram incubados em frascos respirométricos em condições aeróbias por 30 dias, com umidade a 60% da capacidade de retenção de água e temperatura ambiente (24,5-27,5 °C). As frações alifáticas foram quantificadas no final do experimento por cromatografia gasosa com detector de ionização de chama (CG-FID) e foram calculadas as razões n-C17/Pristano e n-C18/Fitano como indicadores da biodegradação de hidrocarbonetos. Houve diferenças significativas na biodegradação de hidrocarbonetos de petróleo entre os tratamentos com diferentes concentrações de óleo cru. Os tratamentos com maiores concentrações (70 e 100 g kg-1) apresentaram as maiores reduções nas razões n-C17/Pristano e n-C18/Fitano (acima de 50%). Entre os tratamentos com 30 g kg-1 de óleo cru e diferentes concentrações de NaCl, foram formados dois grupos com diferença significativa na degradação de hidrocarbonetos. O primeiro foi formado pelos tratamentos com menores concentrações de sal (0, 25 e 50 g kg-1), os quais apresentaram reduções entre 10 e 17% nas razões n-C17/Pristano e n-C18/Fitano. Já o segundo foi formado pelos tratamentos com maiores concentrações de sal (75, 100 e 150 g kg-1), nos quais as reduções nas razões n-C17/Pristano e n-C18/Fitano variaram entre 0 e 6%. Os resultados permitem concluir que há maior atividade de biodegradação de hidrocarbonetos nos tratamentos com maiores concentrações de óleo cru, devido à maior biodisponibilidade de hidrocarbonetos e à presença de populações microbianas resistentes aos compostos tóxicos presentes no óleo cru, e que concentrações de sal maiores do que 50 g kg-1 inibem a biodegradação de hidrocarbonetos. Esse efeito resulta do efeito inibitório do sal sobre o crescimento microbiano e da diminuição da biodisponibilidade de hidrocarbonetos e de oxigênio que ocorre em ambientes hipersalinos. |