Resumo |
A espécie equina apresenta elevada frequência de feridas cutâneas que podem, inclusive, originar tecido de granulação exuberante. Portanto, estudos são constantemente realizados para tentar otimizar a cicatrização. O plasma rico em plaquetas e pobre em leucócitos (PRP-PL) é uma terapia que vem sendo estudada. A sua utilização tem por finalidade não apenas acelerar o processo de cicatrização, mas também que o tecido formado seja o mais semelhante possível ao fisiológico. A matriz extracelular cutânea possui vários colágenos, sendo o tipo I, o mais frequente. O tipo III (COL III) é um essencial durante o processo cicatricial. O objetivo desse estudo foi quantificar o COL III, utilizado as técnicas de coloração picrosirius red (PR) e Reticulina (R), de forma a verificar a eficácia das mesmas. Foram utilizadas amostras de pele da região glútea de ambos os membros pélvicos de cinco animais, que foram lesionadas cirurgicamente e tratadas ou não (controle) com PRP-PL. A primeira amostra foi obtida com bisturi, e as demais (14 e 37 a 39 dias) com Punch de 6 mm. O material foi processado como de rotina, e os cortes feitos com 3 µm de espessura. As lâminas foram coradas com PR e R. O COL III foi quantificado por morfometria. Para isso, foram obtidas, aleatoriamente, seis fotomicrografias em objetiva de 20x. As imagens foram colocadas sob gradícula com 352 interseções. O valor médio do COL III antes do início do tratamento foi de 71,75±20,87 (R) e 60,4±7,23 (PR). Nas amostras obtidas aos 14 dias, o valor para pele tratada foi de 119,5±23,42 (R) e 72,8 ±3,27 (PR). Surpreendentemente, no grupo controle, os valores foram maiores (120±30,5 - R e 74,2±10,42 – PR) após duas semanas de induzida a lesão, o que revela que a elevação do colágeno ocorre independentemente do tratamento. Quando a ferida se encontrava clinicamente fechada foram obtidos, respectivamente valores de 109,5±21,89 (R) e 59,8±15,73 (PR) e de 125,8 ±14,52 (R) e 54,4 ±10,76 (PR), para grupo tratado e controle. Conforme imaginado, a coloração reticulina é realmente mais eficaz na detecção do COL III, quando comparada com a picrosirius red. O aumento da quantidade de colágeno aos 14 dias, com posterior, discreta redução na ferida tratada, é um aspecto interessante, mostrando que existe uma estabilização da quantidade desse colágeno, o que é desejável. O mesmo foi observado, sem diferença estatística, quando foi realizada expressão gênica nos mesmos animais utilizados no presente estudo. Entretanto, é importante destacar que, fisiologicamente, a resposta pode ser semelhante, conforme demonstrado nessa pesquisa. Prévios estudos revelaram que o fechamento de feridas cutâneas pode ser mais rápido em grupos não tratados, porém, histologicamente, o tecido é de pior qualidade. Esse é um aspecto a ser investigado, preferencialmente, utilizando amostras após o fechamento macroscópico da ferida, pois a remodelação pode permanecer por meses. |