Resumo |
Diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é uma doença crônica caracterizada por hiperglicemia devido a produção insuficiente de insulina pelo pâncreas. Esta doença compromete a qualidade de vida dos pacientes por causar disfunções em diversos sistemas biológicos. No aparelho reprodutor masculino, por exemplo, a diabetes causa diminuição do peso testicular, alterações histopatológicas e morfométricas neste tecido, bem como alterações em parâmetros epididimários e das glândulas anexas. Sabe-se que o chá verde é uma bebida que contém compostos fenólicos com potente efeito protetor no fígado e coração em ratos diabéticos. Não se sabe, no entanto, se este efeito protetor atinge órgãos reprodutivos masculinos nestes animais. Neste sentido, no presente estudo, objetivou-se avaliar os efeitos do chá verde em parâmetros testiculares de ratos diabéticos induzidos experimentalmente. Dos 18 ratos Wistar (40 dias) usados neste estudo, 12 animais tiveram o DM1 induzido por dose única de estreptozotocina (60mg/Kg/ip). Após 2 dias da aplicação, todos os 12 ratos apresentaram glicemia de jejum acima de 250mg/dL e, portanto, foram considerados diabéticos. Estes foram divididos em dois grupos (n = 6/grupo): controle diabético (D) e diabético tratado com chá (DVC) recebendo 100mg/Kg de infusão de chá verde. Os outros 6 animais não-diabéticos compuseram o grupo controle (C). O chá foi administrado por gavagem, enquanto os animais C receberam água em igual volume (0,6 mL). Após 42 dias de tratamento, os animais foram eutanasiados (CEUA/UFV nº 53/2018), sendo os testículos removidos, pesados, fixados e processados para inclusão em resina. Foram mensurados com auxílio do software Image ProPlus: diâmetros tubulares e a altura do epitélio dos túbulos seminíferos, além do diâmetro nuclear das células de Leydig. Os dados foram comparados por Teste t de Student não pareado entre os grupos C x D e D x DCV (P = 0,05). Os testículos de animais diabéticos apresentaram redução de peso (0,720 ± 0,30g) em comparação com testículos de ratos controle (1,506 ± 0,14g) (P < 0,05). Além disso, houve redução de altura do epitélio e diâmetro tubular em animais diabéticos (66,14 ± 4,2µm e 230,13 ± 7,65µm, respectivamente) em relação aos controles (80,57 ± 11,8µm e 275,00 ± 28,11µm, respectivamente) (P < 0,05). Finalmente, o diabetes reduziu o diâmetro nuclear das células de Leydig (C= 6,81 ± 0,27 µm; D= 6,05 ± 0,37 µm) (P < 0,05). Por outro lado, a ingestão de chá verde reduziu o impacto da doença em animais diabéticos tratados com chá verde, considerando os parâmetros altura média do epitélio (70,45 ± 4,4 µm), diâmetro tubular (244,55 ± 8,61µm) e diâmetro nuclear das células de Leydig (6,53 ± 0,29 µm). O peso testicular, entretanto, não alterou entre os grupos diabéticos (P > 0,05). Concluímos que o chá verde foi capaz de alterar positivamente parâmetros testiculares previamente alterados pela diabetes. |