Outros membros |
Andrés Maurício Ortega Orozco, Bárbara Cristina Félix Nogueira, JOSE DANTAS RIBEIRO FILHO, Lidiany Lopes Gomes, MARCEL FERREIRA BASTOS AVANZA, Marcos Antonio Bezerra Santos, Marcos Augusto de Azevedo Júnior, Saullo Vinícius Pereira Alves |
Resumo |
A Tripanossomose bovina, enfermidade de grande impacto na pecuária leiteira, devido a quedas abruptas na produção, anemia com perda de peso e mortalidade é uma doença causada pelo parasita Trypanosoma vivax, que atinge especificamente ruminantes, com maior relevância para os bovinos. Originário da África, o parasita é transmitido de forma mecânica pela picada de moscas hematófagas. No entanto, no Brasil, a forma iatrogênica por agulhas contaminadas, especialmente na aplicação de ocitocina no momento da ordenha, tem sido a responsável por grande parte da disseminação no rebanho. O curso clínico da doença é divido em agudo e crônico. Na fase aguda, há perda de produção de leite e peso repentino, apatia, diarreias, abortamento e repetição de cio. Na forma crônica, os sinais são menos evidentes, no qual ocorre anemia, inapetência, emaciação e infertilidade. Essa manifestação silenciosa, além de causar perdas econômicas contribui para a disseminação da doença pelo país, devido à comercialização de animais aparentemente sadios que, após o estresse do transporte, o animal contaminado apresenta picos de parasitemia, o que propicia a infecção para o rebanho. Dessa forma, é imprescindível cuidados, tais como quarentena e exames na aquisição de animais, pois o diagnóstico precoce e o tratamento dos animais positivos minimizam os prejuízos e impende a disseminação da doença. Objetiva-se relatar a ocorrência de um surto da infecção por Trypanosoma vivax que foi diagnosticado em uma propriedade leiteira na região de Araponga-MG. Diante de casos de abortamentos, queda brusca na produção de leite, inapetência, anemia, emagrecimento progressivo, tremores musculares, desorientação seguida de óbito em 12 vacas de leite e um reprodutor, o produtor solicitou auxílio da Universidade Federal de Viçosa. O produtor relatou introdução de animais procedentes da região Sul de Minas Gerais introduzidos no rebanho em novembro de 2017, com início de sinais clínicos em fevereiro de 2018. O manejo da ordenha era realizado com auxílio do hormônio ocitocina com compartilhamento de agulhas entre as vacas. Foi relatada vermifugação recente com compartilhamento de agulhas em todos os animais da propriedade. O diagnóstico foi confirmado com a identificação do protozoário nos testes de esfregaço de sangue total, esfregaço de capa leucocitária, teste do microhematócrito de Woo e o teste da gota espessa. Diante da confirmação da doença, foi preconizado o tratamento de todo o rebanho a base de cloreto de isometamidium com recomendação para repetir após três meses. A confirmação de casos de tripanossomíase bovina na região indica a necessidade do estabelecimento de medidas de biossegurança, monitoramento dos rebanhos, cuidados na aplicação de ocitocina, vermífugos, vacina e controle de vetores, de forma a se evitar a disseminação da doença entre as propriedades rurais. |