Resumo |
A disponibilidade de fósforo (P) em solos tropicais é um dos fatores limitantes à produtividade agrícola no Brasil e no mundo, levando à necessidade de aplicação de altas doses de fertilizantes fosfatados na agricultura. Estima-se que a eficiência de fertilizantes fosfatados seja de 10-25 %, pois o P desses insumos torna-se rapidamente indisponível em face das interações do elemento com a fase sólida do solo. Os fosfatos de rocha (FRs), uma das alternativas aos fertilizantes fosfatados tradicionais, podem ser quimicamente solubilizados com ácidos inorgânicos, principalmente a partir da reação com o ácido sulfúrico. No entanto, as reservas de FRs que são economicamente rentáveis com essa tecnologia estão se esgotando. Esse cenário exige o desenvolvimento de novas técnicas para a cadeia de produção de fertilizantes fosfatados, a exemplo da solubilização microbiana de FRs. A glicerina bruta, resíduo da produção de biodiesel, pode ser aproveitada como fonte de carbono para o desenvolvimento desse processo. O objetivo deste estudo foi avaliar a capacidade do fungo Aspergillus niger FS1 em solubilizar diferentes FRs utilizando-se o glicerol, constituinte da glicerina bruta, como fonte de carbono. Utilizou-se 50 ml do meio NBRIP modificado com 10 g de glicerol como fonte de carbono, acrescido de 150 mg de diferentes FRs (Araxá, Abaité, Aipê, Catalão, Patos, Gafsa e Crandalita) como única fonte de P. Os meios foram inoculados com 5 discos de ágar de 9 mm contendo micélio, retirados das bordas de colônias A. niger FS1 de 7 dias de idade, cultivadas em meio ágar batata-dextrose a 30 °C. Em seguida, os meios foram incubados por 7 dias a 30 °C e 150 rpm. As taxas de solubilização dos FRs em meio com glicerol foram: 39 % para o fosfato de Catalão, 84 % para o fosfato de Patos, 88 % para fosfato de Gafsa, 39% para o fosfato de Abaité, 0% para o fosfato Crandalita, 38% para o fosfato de Araxá e 44 % para fosfato Aipê. Conclui-se que o glicerol pode ser utilizado como fonte de carbono para processo de solubilização microbiana de FRs usando-se o fungo A. niger FS1 como microrganismo solubilizador. Esses resultados indicam o potencial de desenvolvimento de novas tecnologias utilizando o processo microbiano de solubilização com vistas ao melhor aproveitamento de resíduos industriais. Apoio financeiro: CAPES, CNPq e FAPEMIG |