Resumo |
Serpentes são animais da Ordem Squamata, sendo reconhecidas no Brasil cerca de 405 espécies, tornando-as o grupo de répteis mais diverso do país. As coleções zoológicas são de suma importância para determinar diversos aspectos da história natural de espécies. Nestas coleções, geralmente, os indivíduos são encontrados pela própria população de Viçosa, entregues por “coletores locais” (Corpo de Bombeiros, Policiais Ambientais, entre outros profissionais qualificados) a instituições depositárias. O Museu de Zoologia João Moojen (MZUFV), vinculado à Universidade Federal de Viçosa (UFV) – Campus Viçosa, recebe mensalmente, desses “coletores locais”, serpentes provenientes de Viçosa e municípios da região (Zona da Mata, Minas Gerais). Estes Squamata mantêm uma relação muito próxima com os seres humanos devido ao alto grau de misticismo, medo e curiosidade que rondam as serpentes. É muito comum que haja encontros ocasionais entre estes grupos. Considerando 10 anos de dados sobre a recepção de serpentes pelo MZUFV, foi possível realizar uma análise da quantidade de espécimes (quais gêneros e espécies) recebidos por ano, além de outros dados como esses encontros ocasionais acontecem. Foram recebidas, em média, 54 serpentes por ano no MZUFV (2008 a 2018), distribuídas em até 12 gêneros e 20 espécies. As cinco espécies mais recebidas foram, Bothrops jararaca (128 indivíduos), Sibynomorphus mikanii (56 indivíduos), Micrurus frontalis (54 indivíduos), B. jararacussu (43 indivíduos), Xenodon merremii (25 indivíduos) e S. neuwiedi (18 indivíduos). Ao longo dos anos o número de espécimes recebidos pelo MZUFV, ou seja, a quantidade de encontros ocasionais entre humanos e serpentes que levam a sua captura, diminuiu. Outro dado interessante analizado foi o nome comum dado para cada serpente pelo “coletor local” e se a identificação da serpente estava correta. Também foi possível analisar quais comportamentos as serpentes normalmente adotam ao se depararem com um ser humano e na iminência de uma possível captura. A obtenção e análise desses dados, especialmente em longo prazo, preenchem lacunas no conhecimento sobre a relação entre seres humanos e a herpetofauna local, além de contribuir para desmistificar o comportamento desses animais. Ajudam também a ressaltar a importância das coleções cientificas na compreensão e aspectos da história natural das espécies do Brasil e do Mundo. |