Resumo |
Um dos maiores desastres da mineração no Brasil foi o rompimento da barragem de Fundão, situada no município de Mariana, Minas Gerais(MG). A ruptura da barragem acarretou inúmeros impactos ao solo, e consequentemente, à comunidade microbiana presente no mesmo, provocando modificações na microbiota e nas funções exercidas por esta. Os microrganismos desempenham funções primordiais no solo atuando nos processos de decomposição da matéria orgânica e nos ciclos biogeoquímicos. Sendo assim, bactérias do gênero Rhizobium realizam a fixação de nitrogênio da atmosfera no solo auxiliando no crescimento e desenvolvimento das plantas. Além destas, tem-se também bactérias do filo Actinobacteria que atuam na biodegradação de resíduo e realizam a produção de fitormônios que favorecem o crescimento de plantas. O objetivo do presente trabalho foi analisar a diversidade de Rhizobium e Actinobacteria em amostras de solo de áreas afetadas com ou sem implementação de programas de revegetação e, em áreas não afetadas com rejeito de mineração, localizadas em Paracatu de Baixo/MG, a fim de monitorar as áreas em processo de recuperação depois da deposição rejeito de mineração. Para tanto, foram realizadas três coletas de amostras compostas de modo aleatório nas áreas de estudo. A partir disso, foi realizada a extração do DNA total do solos que foi posteriormente enviado para sequenciamento da região V4 do gene RNAr 16S para o qual foi utilizada a plataforma MiSeq Illumina. Logo após, foram feitos os agrupamentos em OTU (Operational Taxonomic Unit) e anotação utilizando o software Qiime e o banco de dados SILVA. Já para as análises de diversidade microbiana, construção dos gráficos e estatísticas foram utilizados os software R e PAST. Os resultados encontrados mostraram que o grupo Actinobacteria apresentou maior abundância no solo de floresta não afetado pelo rejeito em todas a coletas realizadas quando comparado com as áreas afetadas pelo rejeito de mineração. Porém a área afetada que teve a implementação do programa de revegetação apresentou uma maior abundância desse filo quando comparada com a área não revegetada. Já o grupo Rhizobium, apresentou abundância sem grandes alterações ao longo do tempo entre todas as áreas. Esse fato pode ser explicado pelo plantio de leguminosas na áreas afetadas, logo após o desastre, essas plantas favorecem o surgimento desse gênero bacteriano. Com isso pode ser observado que a deposição do rejeito sobre o solo afetou a comunidade bacteriana presente, porém foi possível observar uma melhora ao longo das coletas e que o programa de revegetação teve um papel importante no auxilio e aceleração da recuperação dessas áreas. |