Resumo |
Os híbridos, obtidos do cruzamento entre duas linhagens endogâmicas, estão entre os cultivares de milho mais plantados no mundo. Em programas de melhoramento, além da avaliação per se, é preciso avaliar as linhagens também em cruzamentos, principalmente para caracteres em que os desvios de dominância são importantes em sua expressão. Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi avaliar linhagens de milho com base no comportamento per se e em cruzamento com a população BR105. Para isso, na safra 2017/18, 185 linhagens foram utilizadas para avaliação do comportamento per se e 168 linhagens para avaliação do comportamento destas em cruzamentos com a BR105. Esse último refere-se à avaliação dos híbridos testcross (TC; linhagens x BR105). Os experimentos foram conduzidos em três locais: Estação Experimental do Aeroporto, de Coimbra e da Horta Nova. Todas pertencentes ao Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa. Em ambos os experimentos utilizou-se o delineamento experimental de blocos aumentados. Cada parcela do experimento de avaliação de linhagem per se e do TC foi constituída por uma linha de quatro e cinco metros, respectivamente. O espaçamento entre linhas utilizado para ambos os experimentos foi de 0,8 m. Os caracteres avaliados foram: florescimento feminino (FF, dias) e produtividade de grãos (PG, kg ha-1). Os dados foram analisados com o auxílio do software R, via abordagem de modelos mistos. Posteriormente, foram estimadas as correlações de Pearson entre as médias BLUP dos dois experimentos para FF e também para PG. Em ambos os experimentos, todos os caracteres avaliados apresentaram significância para variância genética pelo teste de qui-quadrado (P<0,05). Portanto, há variabilidade genética entre as linhagens e entre os TC. As estimativas do coeficiente de variação (CV) para FF (2,70% e 3,90%, para linhagens e TC, respectivamente). Para PG, o CV foi de 38,51% e 18,15% para linhagens e TC, respectivamente. As estimativas de herdabilidade foram de alta magnitude (>0,70) para todos os caracteres avaliados em ambos os experimentos, o que indica uma alta correlação entre fenótipo e genótipo. A partir do resultado do ranqueamento das 15 melhores linhagens e TC, tanto para FF como para PG, foi possível perceber que tanto as linhagens como os TC mais precoces tendem a ser menos produtivos e vice-versa. Os resultados obtidos com a correlação entre o FF das linhagens per se e dos TC foi de média magnitude (0,56). Enquanto que a estimativa de correlação entre PG muito baixa (0,12). Tais resultados indicam que PG tem uma forte influência dos efeitos dos desvios de dominância. Dessa forma, não é possível predizer o desempenho de um híbrido com base no comportamento da linhagem. Entretanto, para FF é possível perceber uma maior correlação, o que indica uma maior ação de efeitos aditivos. Conclui-se que não é possível predizer o comportamento dos híbridos de milho com base no desempenho per se das linhagens, principalmente para PG. |