Resumo |
Uma das formas de incrementar os teores de matéria orgânica do solo (MOS) é por meio da permanência e consequente decomposição de resíduos culturais no solo, prática comumente adotada por produtores que utilizam de sistemas conservacionistas como plantio direto e cultivo mínimo. Essa contribuição advinda dos resíduos se diferencia em função da sua composição bioquímica, refletindo em dinâmicas de decomposição diferenciadas. Diante disso, o objetivo desse estudo foi avaliar a dinâmica de decomposição de diferentes resíduos culturais em função da sua composição bioquímica e poder estimar o tempo de vida médio(t0,5) desses resíduos no solo. Foi realizado um estudo por meio da incubação de diferentes resíduos culturais no solo em sala de incubação em condições controladas (no escuro a 25 °C ± 1). Os tratamentos foram definidos por esquema fatorial 2 x 7 x 4: i) com e sem a adição de resíduo C-4 -Milheto (Pennisetum americanum); ii) seis resíduos culturais de espécies C-3 – Crotalaria juncea, Feijão de Porco (Canavalia ensiformes), Girassol (Helianthus annuus), Mucuna Preta (Mucuna pruriens), Eucalipto (Eucalyptus), um mix de resíduos (crotalária + eucalipto) e um controle sem resíduo, avaliados em quatro tempos (0; 0,08; 0,25 e 0,41 anos após incubação), dispostos em delineamento em blocos casualizados com quatro repetições. Os resíduos culturais separados dos solos nos tempos de avaliação foram secos em estufa de circulação forçada de ar, a 60°C por 72 h e, então, pesados para obtenção da matéria seca remanescente(MSR). Os dados foram submetidos à análise de regressão, onde, utilizou-se o modelo de decaimento exponencial proposto por Olson (1963), para expressar o comportamento de decomposição desses resíduos. Pode-se observar que os resíduos de feijão de porco, girassol e mucuna associados ou não com o milheto apresentaram os menores valores de t0,5, indicando assim que esses resíduos apresentam uma taxa de decomposição mais rápida que os demais resíduos, podendo isso está associado com a baixa relação C/N presente nesses materiais e os altos teores de compostos facilmente degradáveis como os extrativos. Porém na associação com o resíduo de milheto, possivelmente devido à alta relação C/N presente nesse resíduo, houve um retardamento na decomposição dos resíduos. Os demais resíduos apresentaram um comportamento mais recalcitrante chegando a serem observados os maiores valores de t 0,5 nos resíduos de eucalipto e crotalária (0,97 e 0,61 ano; respectivamente). A partir desses resultados, é possível concluir que a associação com o milheto, retarda a taxa de decomposição ao longo do tempo, possibilitando assim a liberação gradual e melhor aproveitamento pela cultura dos nutrientes presentes nos resíduos aportada ao solo, enfatizando a importância da composição bioquímica diversificada do material que é aportado ao solo para contribuição para a MOS ao longo do tempo. |