Resumo |
A presente pesquisa objetiva analisar a presença do sobrenatural como estratégia de representação romântica, através de uma leitura crítica do romance Encarnação, de José de Alencar, publicada postumamente, em 1893, identificando, na obra, recorrências da idealização feminina. Para tanto, nos debruçamos sobre o conceito de literatura fantástica de Todorov (2008) e ROAS (2014); Foucault (1972), para contribuição na construção do personagem Hermano; da Representação de Aristóteles (1999) e do romantismo literário de Coutinho (2004) e BOSI (1994), traçando o percurso da narrativa alencariana, desde o nacionalismo, passando pelos romances urbanos, até chegar aos romances regionalistas. Encarnação é um romance que se difere dos demais ao trazer um tema até então ainda não abordado pelo autor, apresentando surpreendentemente um teor sobrenatural, que tem o objetivo de proporcionar o efeito desejado no leitor mediante à inquietação, à ruptura e ainda, em alguma medida, a quebra da idealização de expectativas. Assim, pretende-se não somente resgatar a análise da literatura fantástica do romantismo brasileiro, mas também desbravar os papéis femininos alencarianos, que constituem o centro das tramas. Entretanto, a obra analisada não retrata propriamente um “perfil feminino”, como é representado em alguns de seus romances, porém traz figuras femininas que constituem o centro da narrativa. Seguindo a linha explorada em seus romances urbanos, como Senhora (1875), Diva (1864) e Lucíola (1862), o romance alencariano, Encarnação, gira em torno da situação social e familiar diante do matrimônio e do amor. Desse modo, a pesquisa busca entender, analisar e avançar numa reflexão sobre a temática, dissertando de forma crítica e prática sobre alguns elementos da narrativa, bem como estudar os comportamentos do personagem Hermano, traçando seu perfil psicológico, a partir das teorias freudianas. Pretende-se, portanto, neste contexto, analisar a presença do sobrenatural na trama, buscando maior esclarecimento sobre o assunto, numa linguagem crítica e qualitativa, visando à contribuição para a crítica alencariana acerca da obra supracitada, uma vez que, sob esta perspectiva, poucos olhares foram lançados a ela. |