Resumo |
Uma das maneiras de compensar a emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) da atmosfera é a realização de plantios mistos de espécies nativas. Através da fotossíntese, a planta absorve CO2 atmosférico e incorpora carbono à sua biomassa, durante seu crescimento. Esse crescimento sofre influência de diversos fatores, como o gradiente do terreno. O objetivo foi avaliar a influência dos diferentes gradientes do terreno no desenvolvimento e na estocagem de carbono de espécies nativas em um plantio de neutralização, aos 4,42 anos. A área do estudo é um plantio misto realizado em 2014, localizada no Espaço Aberto de Eventos da Universidade Federal de Viçosa (UFV), no município de Viçosa, Minas Gerais. A topografia do local é acentuada e o clima é do tipo Cwa. Foram plantadas 324 mudas de 18 espécies, com o espaçamento de 2m x 2m. O terreno foi estratificado em três gradientes: terço superior (TS), terço médio (TM) e terço inferior com início de baixada (TIB). Cada terço é composto por 6 linhas experimentais e cada linha possui 18 mudas de espécies diferentes. Os dados de inventário foram coletados com o uso de fita milimetrada para o diâmetro a altura do solo (DAS) e vara graduada para a altura (H). O estoque de carbono dos indivíduos foi calculado através da equação Cij= [0,000353 x (DAS1,202424) x (H0,781883)], (R2 ajustado= 82,12%) e a conversão para CO2 foi feita pela multiplicação do fator (44/12), referente à conversão entre os pesos moleculares do CO2 e C. A partir destes dados foram obtidos os incrementos médios anuais em altura (IMAH=(ΣHj/Ni)/I), em diâmetro (IMAD=(ΣDASj/Ni)/I) e em estocagem de CO2 (IMACO2=(ΣCO2j/Ni)/I), onde Ni corresponde ao número de indivíduos vivos por espécie em cada gradiente e I é a idade do plantio em anos. O TS foi o gradiente de desenvolvimento intermediário e menor taxa de sobrevivência (IMAD=20,18 mm.ano-1, IMAH=69,95 cm.ano-1, IMACO2=9,10 kg.ano-1, S=42,59%). O TM foi o de menor desenvolvimento e taxa de sobrevivência intermediária (IMAD=12,85 mm.ano-1, IMAH=43,76 cm.ano-1, IMACO2=3,30 kg.ano-1, S=47,22%) e o TIB obteve o melhor desenvolvimento e maior taxa de sobrevivência (IMAD=22,14 mm.ano-1, IMAH=84,31 cm.ano-1, IMACO2=9,78 kg.ano-1, S=50%). Isto ocorre em função de fatores pedológicos, como a lixiviação que acarreta a retirada de nutrientes dos terços de maior declividade para o terço de menor declividade e o maior acúmulo de água e matéria orgânica nas porções mais baixas do terreno. Portanto, o grau de declividade do terreno influencia diretamente no desenvolvimento dos indivíduos arbóreos e, consequentemente, na estocagem de carbono. |