Resumo |
Introdução: O câncer configura-se como um dos principais problemas de saúde pública no âmbito nacional e internacional. Estima-se para o biênio 2018-2019 no Brasil a ocorrência de 640 mil novos casos. Entretanto, apesar das conquistas em métodos de detecção precoce e rastreamento do câncer, ainda existe um elevado percentual de casos em que o diagnóstico é tardio. Este reflete na sobrevida do paciente, configurando um pior prognóstico da doença, bem como interfere diretamente na dinâmica familiar, pois acarreta uma maior demanda por cuidados. Muitas vezes, a experiência de cuidar de um familiar com câncer causa sobrecarga física, emocional e financeira ao núcleo familiar, podendo acarretar no adoecimento do próprio cuidador, levando a quadros de depressão, ansiedade, fadiga mental e física. Neste contexto, surge a necessidade de apoio profissional aos familiares, com intuito de amenizar a sobrecarga desses indivíduos, fornecendo estratégias de cuidado que os auxiliem no manejo da doença crônica, minimizando impactos ao seu próprio autocuidado. Objetivo: Avaliar como os familiares cuidadores de pessoas com câncer gostariam de ser cuidados. Métodos: pesquisa qualitativa, realizada em um hospital oncológico no interior de Minas Gerais. As entrevistas ocorreram junto a cuidadores familiares de pessoas com câncer, em março de 2019, e foram guiadas por um roteiro com perguntas abertas, cujos dados foram analisados pela técnica de Análise de Conteúdo. A pesquisa respeitou os aspectos éticos. Resultados: A primeira categoria “Estratégias de apoio ao familiar cuidador” identificou que os entrevistados valorizam as ações de acolhimento, a atuação da equipe com foco nas competências atitudinais e a Casa de Apoio da instituição como medidas de extrema importância no apoio ao cuidador. A segunda categoria “Autocuidado prejudicado” mostrou que a maior parte dos cuidadores entrevistados apresentou déficit no autocuidado, evidenciado por relatos que mostraram que esses indivíduos muitas vezes se anulavam em detrimento do outro, colocando os cuidados com seus entes como prioritários, e o tempo que antes dedicavam à realização de atividades diversas, como os cuidados com a própria saúde, agora era dedicado ao familiar adoecido. Por fim, a categoria “Expectativas sobre o cuidado de si” identificou as necessidades de cuidado na visão do cuidador familiar, que foram apoio psicológico, ações de acolhimento e humanização por parte da equipe, realizar grupos de cuidadores, além do desejo de um local dentro do hospital para atender o cuidador, que muitas vezes adoece. Considerações finais: a identificação das necessidades de cuidado dos familiares cuidadores de pessoas com câncer sinaliza para o planejamento de estratégias de apoio a esses indivíduos no âmbito hospitalar, sendo estas uma maneira importante de minimizar a sobrecarga destes, visando a melhoria da qualidade de vida durante o processo de cuidado com o familiar adoecido. |