Resumo |
A falta de critérios no uso dos defensivos agrícolas pode proporcionar uma série de fatores indesejáveis como a poluição do solo, da água e do ar, além do risco de contaminação humana por contato direto ou por ingestão de resíduos dessas substâncias juntamente com os alimentos. A deriva em aplicações de defensivos pode ser caracterizada como qualquer desvio sofrido pelas gotas em relação ao alvo planejado. Esse fenômeno contribui para a redução da eficiência nas aplicações e aumenta o risco de contaminação ambiental e humana, em razão das gotas poderem ser transportadas por ação da movimentação tridimensional da massa de ar. O tamanho das gotas e a velocidade do vento no momento da aplicação são os principais fatores que afetam a taxa de deriva. Objetivou-se com o presente trabalho avaliar a viabilidade técnica do resfriamento da calda (líquido) para a aplicação de defensivos com pulverizadores hidráulicos, avaliando-se os aspectos qualitativos em laboratório e a campo. O experimento foi conduzido no Laboratório de Mecanização Agrícola, pertencente ao Departamento de Engenharia Agrícola, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), localizada no município de Viçosa, Minas Gerais. Foi avaliado o efeito do resfriamento da calda (líquido) na qualidade da aplicação de defensivos agrícolas. As temperaturas avaliadas foram 5, 10, 15, 20 e 25 °C. A avaliação do efeito do resfriamento foi feita com base na análise do espectro de gotas, realizado em equipamento de análise de partículas. Essa análise é baseada no estudo das classes de tamanho e da homogeneidade do espectro de gotas produzido. A redução da temperatura de 25 para 5 °C reduziu o percentual de gotas com diâmetro abaixo de 100 µm em cerca de 21%. Esse resultado é de suma importância, pois as gotas com diâmetro abaixo de 100 µm correspondem a classe mais crítica em relação ao fenômeno da deriva, sendo que seu tamanho reduzido potencializa seu arraste pelo vento. O percentual de gotas que vai de 101 até 200 µm sofreu uma redução de aproximadamente 11% com a diminuição da temperatura de 25 para 5 °C. Para as gotas com diâmetro acima de 201 µm a redução da temperatura proporcionou o aumento do percentual de gotas dentro dessa classe. Com relação a homogeneidade do tamanho das gotas pulverizadas a temperatura de 5 °C apresentou o pior resultado, com valor SPAN de aproximadamente 2, enquanto as demais temperaturas avaliadas apresentaram um valor médio de 1,5. Pode-se concluir que a redução da temperatura da calda pode ser uma estratégia para diminuir a deriva nas aplicações de defensivos, pois além de reduzir o percentual de gotas com tamanho crítico (<100 µm), o resfriamento da calda também reduzirá o potencial evaporativo das gotas. No entanto, a técnica deve ser utilizada em aplicações que utilizam baixo volume de aplicação para que seja viável economicamente. |