Resumo |
A analgesia epidural caudal é indicada para as afecções álgicas agudas, bem como, para o controle da dor crônica, no entanto, alguns fármacos podem causar importantes efeitos colaterais em equinos devido às particularidades anatômicas, fisiológicas e comportamentais da espécie. Objetivou-se avaliar a extensão da antinocicepção promovida pela administração da metadona e da associação ropivacaína-metadona e os efeitos clínicos e comportamentais em equinos. Nove equinos (324 ± 29 kg), que receberam aleatoriamente 0,1 mg/kg de metadona + 0,02 mL/kg de NaCl 0,9% (Grupo M) e 0,15 mg/kg de ropivacaína + 0,1 mg/kg de metadona (Grupo RM), por meio de cateter epidural inserido no espaço sacrocaudal e direcionado 10 cm cranialmente. Avaliou-se frequência cardíaca (batimentos/minuto), frequência respiratória (movimentos/minuto) e pressão arterial sistólica (mmHg), por meio do doppler vascular com manguito posicionado na base da cauda. Utilizou-se escalas numéricas para a avaliação da motilidade intestinal (escores de 0-5), comportamento e sedação (escores de 0-3) e ataxia (escores de 0-4). O limiar nociceptivo mecânico (LNM) foi avaliado utilizando-se o algômetro de pressão (ponta de 1 cm2), aplicado perpendicularmente sobre o processo espinhoso da segunda vértebra sacral, terceira vértebra lombar e décima vértebra torácica, até a resposta positiva identificada pela ventroflexão da coluna vertebral do animal. Os parâmetros foram avaliados no momento basal e 30, 60, 120, 180 e 240 minutos após a injeção epidural. Realizou-se ANOVA para medidas repetidas seguida pelo teste de Dunnet para as variáveis paramétricas e teste de Friedman seguido de Tukey para os dados não paramétricos. O grupo RM apresentou maiores escores de ataxia (1,25) diferindo-se de M (0,5) 30 minutos após a epidural e apresentou aumento de frequência respiratória aos 240 minutos (23 ± 8) em comparação ao basal (17 ±9) (p < 0,05). Já o grupo M, apresentou maiores escores de sedação em T2 (1,6) diferindo-se significativamente de T0 e T5 (ambos escore 1,0). Os valores basais do LNM (mediana) foram 12,8 kgf/cm2, 13 kgf/cm2 e 13,1 kgf/cm2 para a região torácica, lombar e sacral, respectivamente. Na região torácica o grupo RM apresentou mediana de 14,66 kgf/cm2 (14,40–15,80), diferindo significativamente de M aos 180 minutos, cuja mediana foi 12,30 kgf/cm2 (12,00–14,60). Na região lombar o grupo RM apresentou 14,83 kgf/cm2 (14,26–16,80), diferindo significativamente de M aos 240 minutos, cuja mediana foi de 13,66 kgf/cm2 (11,93–14,60). Na região sacral, o grupo RM apresentou aumento significativo do LNM em todos os tempos de avaliação após o basal. Conclui-se que os tratamentos avaliados não promovem alterações significativas sobre a motilidade intestinal, função cardiovascular e respiratória. O uso da metadona pode sedação, no entanto, a associação com a ropivacaína promove antinocicepção mais extensa, atingindo regiões sacrais, lombares e torácicas em equinos. |