Resumo |
Nas últimas décadas, as atividades agrícolas no Brasil passaram por inúmeras transformações com a chamada Revolução Verde, iniciada na década de 1960, com o intuito de modernizar e aumentar sua produtividade, utilizando agrotóxicos e mecanização. Devido aos impactos ambientais e as consequências socioeconômicas ocorridas em virtude da modernização da agricultura, os problemas causados pelo uso dos agrotóxicos têm impulsionado muitos agricultores, em especial agricultores familiares, a experimentar a transição agroecológica, buscando formas de manejo que conciliem produção agrícola, preservação ambiental e menor dependência de insumos externos. O manejo incorreto de agrotóxicos e a contaminação do ambiente aquático podem causar efeitos em peixes. Parâmetros bioquímicos, fisiológicos e morfológicos como biomarcadores apresentam bons resultados na avaliação dos efeitos de contaminação ambiental sobre esses animais. O presente trabalho teve como objetivo avaliar propriedades com sistemas de produção convencional (utilizam insumos agrícolas) e agroecológico (não utilizam insumos), empregando peixes da espécie lambari (Astyanax bimaculatus) como indicadores de efeitos biológicos, com vista no monitoramento da qualidade da água e da biodiversidade aquática. O estudo foi conduzido na região da Zona da Mata mineira, na bacia hidrográfica do rio São Joaquim, localizada no município de Araponga-MG na zona de amortecimento do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, como o objetivo de avaliar a qualidade da água de microbacias influenciadas pelos sistemas de produção manejo agroecológico e convencional a partir da utilização de peixes como bioindicadores de poluição ambiental. Foram instalados tanques rede nas microbacias e introduzidos peixes machos adultos da espécie lambari que foram coletados aos 7, 14, 21 e 28 dias após serem colocados nesses tanques. Os procedimentos envolvendo animais seguiram rigorosamente as normas da CEUA/UFV (Protocolo 33/2017). Fígados de seis animais foram coletados e processados pra estudo histológico de rotina. Nos fígados foram observadas alterações como atrofia nuclear, hipertrofia nuclear, deformidade do contorno nuclear, núcleo periférico, núcleo picnótico, rompimento celular, hiperemia e necrose focal. Assim, Astyanax bimaculatus pode ser utilizado como bioindicador e seu fígado como biomarcador de poluição aquática. |