Resumo |
O arsênio (As) é amplamente utilizado na produção de vidros, ligas metálicas e defensivos agrícolas. Além de contaminação em atividades ocupacionais, o arsênio pode naturalmente ser encontrado no solo e água, sendo esta última a principal fonte de exposição humana ao metaloide. A toxicidade do As vem sendo vinculada à produção de espécies reativas ao oxigênio, já que a interação destes com as células causa danos estruturais significativos, como lesões ao DNA e danos a proteínas e lipídeos. O coração é o órgão fundamental para a distribuição de sangue pelo corpo. Essa distribuição acontece por movimentos de contração-relaxamento de suas células denominadas cardiomiócitos. Não se sabe se a exposição ao As pode causar alterações em tais células que, ao final, prejudicariam a distribuição sanguínea com comprometimento ao funcionamento do corpo. Neste contexto, o objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos da toxicidade do As em parâmetros morfológicos e estruturais do coração através de análises morfométricas. Foram usados 15 ratos Wistar machos adultos com 70 dias. Os animais foram divididos aleatoriamente em 3 grupos experimentais (n = 5/grupo): Grupo controle, Grupo As1 com animais tratados com solução de arsenito de sódio a 1 mg/L, e ratos do Grupo As10 tratados com solução de arsenito de sódio a 10 mg/L. O arsênio foi ministrado através da água, sendo o seu consumo avaliado diariamente. Após 56 dias de experimento, os animais foram pesados e eutanasiados (CEUA n 81/2018), e os corações foram dissecados, pesados e fixados em paraformoldeído 4% por 24h. Após a fixação, os órgãos foram processados para inclusão em parafina. Cortes histológicos de 5 µm foram corados com hematoxilina e eosina e destinados às análises morfométricas. Os dados foram analisados estatisticamente pelo programa GraphPad Prism 6.0. Não houve diferença entre os grupos experimentais para o peso do coração (C = 1,442 ± 0,067g; As1 = 1,481 ± 0,051g; As10 As2 = 1,402 ± 0,043g; P > 0,05). Entretanto, o percentual de cardiomiócitos reduziu nos ratos As2 (70,17 ± 1,597%) em relação aos animais controle (83,9 ± 1,707%) e As1 (79,71 ± 1,203%; P < 0.0001). A região intersticial, por outro lado, aumentou em animais expostos ao arsênio, especialmente os do grupo As2 (As1= 19,55 ± 1,198%; As2= 28,74 ± 1,467%) quando comparado aos animais controle (14,25 ± 1,937%) (P < 0.0001). A proporção de vasos sanguíneos em animais expostos ao arsênio (As1= 0,7396 ± 0,1601%; As2= 1,094 ± 0,147 %) reduziu em relação aos animais controle (1,851 ± 0,269%) (P < 0,0060), sem diferença significativa entre os grupos As. Pode-se concluir que a exposição ao arsênio nas concentrações de 1 e 10 mg/L alterou parâmetros morfométricos do coração sem alterar o peso do órgão. |