Outros membros |
Andressa Brito Damaceno , Arthur Neves Passos, João Paulo Lara Alves, JOSE DE OLIVEIRA PINTO, MARCEL FERREIRA BASTOS AVANZA, Nathalia dos Santos Rosse, Rachel de Andrade Tavares, Thiago Augusto Teles de Souza |
Resumo |
A diarreia viral bovina (BVD) é uma doença causada por um vírus que pertence à família flaviriridae, gênero pestivirus, e tem grande impacto na atividade leiteira. Uma vez instalada no rebanho, ela causa abortos, natimortos, má formação fetal, absorção embrionária e ocasionalmente pode levar os animais a um quadro de imunossupressão. Outros sinais clínicos incluem erosões na mucosa oral, febre, diarreia, dermatite, edema de membros, lesões de córnea e ulcerativas. Há duas formas de apresentação da doença: animais que são transitoriamente infectados e animais persistentemente infectados (PI). Animais PI são aqueles oriundos de mães que tiveram contato com o vírus entre 40 e 120 dias de gestação. Nesta fase o sistema imune não está totalmente desenvolvido e pode desencadear o surgimento de animais imunotolerantes, que não produzem anticorpos contra a doença. Estes animais normalmente não são detectados pelos testes sorológicos rotineiros, sendo por isso fontes importantes de transmissão e responsáveis pela manutenção do vírus no rebanho. O objetivo deste resumo é relatar o caso de um bovino PI para BDV e infectado para rinotraqueíte infecciosa (IBR). Foi atendida no hospital veterinário de grandes animais da Universidade Federal de Viçosa (UFV) uma fêmea bovina de 1,5 anos de idade e com o histórico de apatia, diarreia, prostração, apetite seletivo, claudicação, perda de peso e lacrimejamento, sendo que todas as tentativas de tratamento na propriedade seguiram sem melhora do quadro clínico. O animal nasceu na propriedade e o rebanho não possui calendário vacinal sanitário. Ao exame clínico foram constatados os mesmos sinais relatados anteriormente e imediatamente iniciou-se o tratamento com antibióticos e anti-inflamatórios, além de casqueamento curativo das lesões podais, uso de colírios, reposição eletrolítica e demais cuidados de enfermagem e bem estar. Com base na observação do animal, na resposta lenta aos tratamentos, sem resultados satisfatórios, suspeitou-se de ser um animal PI. Objetivando essa confirmação, deu-se inicio a uma investigação sorológica, por meio de testes para detecção de anticorpos para leucose, leptospirose, BDV e IBR, sendo que o animal foi positivo apenas no teste para a IBR. Entretanto, na sorologia para demonstração da presença de antígeno para BVD o animal foi considerado reagente, ou seja, o vírus está presente em seu organismo mas ele não produz anticorpos contra ele, caracterizando assim tratar-se de um animal PI, confirmando a suspeita clínica. Por tratar-se de um agravo sem expectativa de cura, o animal foi reencaminhado ao veterinário responsável pelo rebanho, juntamento com resultados sorológicos, para tomar as decisões cabíveis sobre o destino do mesmo. Uma vez identificados, recomenda-se que animais PI devam ser descartados, pois compreendem a maior fonte de disseminação do vírus no rebanho, além de estarem sempre predispostos a infecções secundárias que acarretam gastos adicionais sem retorno econômico. |