Resumo |
A hiperostose esquelética idiopática difusa (DISH) é uma enfermidade rara, com maior prevalência em cães Boxer, machos e idosos. Presume-se que a DISH é resultado de resposta proliferativa exacerbada à pequenas situações de tensão, resultando em calcificação e ossificação periarticular extensa do esqueleto axial, podendo acometer esqueleto apendicular e seus anexos de tecidos moles. Os sinais clínicos refletem limitações mecânicas ao movimento e algia. Para diferenciar DISH de espondilose deformante, quatro dos sete critérios devem estar presentes; ponte de ossificação ao longo dos aspectos ventrais e laterais de três corpos vertebrais contíguos; preservação da largura do espaço intervertebral e ausência de alterações da doença degenerativa do disco; osteoartrose dos processos articulares dorsais; pseudoartrose dos processos espinhosos; entesopatia de anexos de tecidos moles; osteófitos, esclerose e anquilose das articulações sacroilíacas e, anquilose óssea da sínfise púbica. Objetiva-se relatar um caso de DISH em cadela Boxer de 8 anos de idade. A paciente foi atendida com impotência funcional do membro pélvico direito, algia em coluna toracolombar, articulação femoro-tibio-patelar e, teste de gaveta e compressão tibial positivos. Realizou-se exame radiográfico de coluna toracolombar, lombossacra, pelve e joelhos direito e esquerdo, observando-se ponte óssea ao longo dos aspectos ventrais e laterais de T13-L1-L2-L3 e L4-L5-L6-L7 com preservação do espaço intervertebral das vértebras acometidas; espondilose deformante entre T10 -T11 e L3-L4; entesófitos ventrais em T9-T10, T11-T12 e T12-T13; anquilose das articulações sacroilíacas com presença de esclerose e osteófitos periarticulares, anquilose de sínfise púbica, deslocamento cranial da tíbia em relação ao fêmur, sinais de calcificação do ligamento patelar e reação periosteal em diáfise distal de fêmur direito. A paciente foi diagnosticada com DISH por apresentar quatro dos sete critérios supracitados e ruptura de ligamento cruzado cranial (RLCC) direito, sendo submetida à cirurgia para correção de RLCC por meio de técnica de sutura fabelo-tibial, visto que os tutores não aceitaram realização de TPLO (Tibial Plateau Leveling Osteotomy). Após 10 meses, a paciente apresentou dificuldade grave de deambulação e algia em articulação femoro-tibio-patelar esquerda. O exame clínico e radiográfico possibilitou diagnóstico de RLCC esquerdo. Os tutores não aceitaram sugestão de tratamento cirúrgico e, realizaram tratamento conservador com utilização de antiinflamatório esteroidal, protetores articulares, analgésicos, fisioterapia e acupuntura. A paciente apresentou evolução do quadro ortopédico e neurológico, apresentando paraplegia dependente à corticoideterapia. Por ser uma enfermidade rara a DISH necessita de mais estudos para melhor elucidação de sua etiologia e formas de tratamento mais efetivas de amenizar a algia e gerar mais conforto aos pacientes acometidos. |