Resumo |
O uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) é compreendido como de grande utilidade na vida cotidiana de indivíduos e famílias, e sabendo que mesmo com o comprovado aumento no consumo dessas tecnologias em todo o mundo, ainda existem dificuldades e barreiras no seu acesso e uso. Partindo de duas categorias centrais, gênero e geração, buscamos compreender e analisar como essas tecnologias são utilizadas na vida dos indivíduos investigados, observando a influência de nossas categorias centrais, além de diferentes fatores sociais e culturais, tais como a renda e escolaridade. Embasados na perspectiva teórica de Mead (1970), que diz que as TICs provocaram uma separação drástica e irreversível entre gerações e nas teorias de gênero que apontam diferenciações nos papéis sociais de homens e mulheres podem modificar as formas de uso e o tempo dedicado às TICs, gerando a chamada “lacuna digital de gênero”, buscamos averiguar a aplicabilidade das mesmas e compreender mais sobre as diferenças de uso e apropriação das TICs em diferentes etapas da vida de homens e mulheres do nosso universo de pesquisa. Esse universo tomado como referência foi a população ligada à Universidade Federal de Viçosa (UFV), a qual foi dividida em cinco categorias geracionais, os estudantes, representando os jovens, os funcionários ativos, tanto professores quanto servidores e funcionários aposentados da UFV, tanto ex-servidores quanto ex-professores. Construímos como ferramenta de coleta de dados um questionário com questões fechadas, estruturadas em formato de múltipla escolha e escalar, a fim de investigar a posse, o uso, a percepção e as práticas de utilização das TICs como promotoras de sociabilidades (particularmente, a televisão, a internet e o celular) nos três segmentos escolhidos (pais, filhos e avós). Aplicamos um total de 325 questionários dentro de nosso universo, que foram divididos em 279 variáveis cada e inseridos no Software IBM SPSS para a análise dos dados. Concluímos a partir dos dados obtidos, que dentro da população investigada, a lacuna digital de gênero entre o público jovem é praticamente inexistente, e os usos e apropriações são muito semelhantes. Já entre a categoria dos ativos, pode-se notar uma diferença no uso o qual está associada especialmente aos fatores econômicos, onde a renda afeta mais o uso das TICs do que o gênero. Por fim, entre os aposentados foi possível perceber uma grande lacuna digital de gênero, principalmente quando se compara gênero e situação socioeconômica: as pessoas mais velhas e de baixa renda tem acesso quase nulo as tecnologias, com ênfase no público feminino, enquanto as de renda superior, principalmente homens, tem uso das tecnologias comparáveis aos descritos pelos jovens. |