Resumo |
Em um contexto de aquecimento global e expansão dos sistemas de produção animal em países de clima quente, os animais serão, cada vez mais, submetidos a condições de estresse por calor que afetam negativamente o bem-estar, saúde e desempenho. Apesar do crescente interesse na avaliação do efeito do estresse por calor nos animais de produção, pouco se sabe sobre o efeito deste em animais de raças naturalizadas. Sendo assim, o objetivo do estudo foi avaliar o efeito do estresse por calor no desempenho e fisiologia de suínos da raça naturalizada Piau. O estudo foi conduzido na Unidade de Ensino, Pesquisa e Extensão (UEPE) em Melhoramento Genético de Suínos da Universidade Federal de Viçosa (UFV), e os procedimentos experimentais foram aprovados pela Comissão de Ética no Uso de Animais de Produção da UFV (protocolo 27/2018). Foram utilizados 28 suínos em crescimento (peso inicial de 64,4 ± 1,9 kg) do Programa de Conservação de Suínos da Raça Piau da UFV. O experimento teve duração de 21 dias, composto por um período de adaptação de sete dias e um subsequente período experimental de 14 dias (dia 1 a 14). No início do período experimental, os animais foram alocados às condições ambientais: 22ºC (n=14) ou 30ºC (n=14) de temperatura ambiente constante. Os animais foram alojados em gaiolas individuais, dotadas de comedouros semi-automáticos e bebedouros do tipo chupeta, em salas climatizadas. O consumo de ração e ganho de peso dos animais foram avaliados semanalmente. A temperatura de nuca e frequência respiratória foram avaliadas nos dias 1, 2, 3, 5, 7, 9, 11, 13. As variáveis foram analisadas por meio do procedimento MIXED do SAS, considerando-se o efeito da condição experimental e P < 0,05. Os animais submetidos a 30ºC de temperatura ambiente tiveram menor consumo de ração (2043 vs. 2400 g/dia) e ganho de peso (443 vs. 564 g/dia) quando comparados a animais submetidos a 22ºC. Adicionalmente, maiores valores de temperatura de nuca (39,8 vs. 37,0ºC) e frequência respiratória (99 vs. 67 mov./min.) foram observados a 30ºC. Quando expostos a condições de alta temperatura, suínos da raça Piau apresentam significante redução no consumo alimentar, e ganho de peso, para diminuir a produção endógena de calor. Concomitantemente, é observado aumento da temperatura cutânea e frequência respiratória para aumentar a dissipação de calor do animal para o ambiente. Apesar de serem, supostamente, adaptados a condições de clima tropical, suínos da raça Piau têm o desempenho comprometido quando mantidos em ambiente de alta temperatura. |