Resumo |
O crescimento e a saúde dos animais são influenciados pela composição da dieta, em especial pela quantidade e qualidade da proteína. Dentre os fatores que influenciam as exigências por proteína, destaca-se o tempo de trânsito do alimento no intestino. Portanto, é possível que machos e fêmeas de guppy apresentem diferentes exigências nutricionais em função dos machos apresentarem menor comprimento do intestino e menor tempo de trânsito do alimento no trato gastrointestinal. Com este estudo objetivamos avaliar o efeito do gênero sobre as exigências por proteína para juvenis de guppy, Poecilia reticulata. Foi utilizado delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial 4x2, onde foram testadas quatro dietas isocalóricas (3.500 kcal de ED/kg de ração) contendo quatro níveis de proteína digestível (22, 29, 36, 42% PD), dois gêneros (machos e fêmeas) e três repetições. Os peixes foram mantidos em 24 aquários de 60L dotados de um sistema de filtragem, aeração e manutenção da temperatura, em densidade de estocagem de 0,33 peixes/L. Os peixes foram alimentados até a saciedade aparente quatro vezes ao dia por 60 dias. Ao final do experimento, foram avaliadas as seguintes variáveis de desempenho produtivo: taxa de sobrevivência, comprimento final, peso final, ganho de peso, consumo de ração, taxa de eficiência proteica, taxa de crescimento específico, consumo estimado de proteína, eficiência alimentar e coeficiente intestinal. O efeito da proteína, do gênero, e sua interação foram avaliados por meio de análise de variância e regressão polinomial ao nível de 5% de probabilidade. Foi observada interação significativa entre a proteína e o gênero apenas para taxa de sobrevivência. Foi observado efeito linear decrescente do teor de proteína para a taxa de sobrevivência apenas para as fêmeas. Com relação ao efeito do gênero dentro de cada teor de proteína, as fêmeas alimentadas com 36 e 43 % PD apresentaram menor taxa de sobrevivência. O aumento no teor de proteína na dieta, independente do gênero, aumentou o consumo estimado de proteína e reduziu a taxa de eficiência proteica. Em relação ao efeito do gênero, as fêmeas apresentaram maiores valores para todas as outras variáveis de desempenho produtivo. Houve interação significativa entre a proteína e o gênero apenas para o teor de amônia total. Foi observado efeito quadrático da proteína para fêmeas e machos. O teor de amônia total foi maior para as fêmeas apenas nos níveis 36 e 43% PD. Para amônia não ionizada, houve efeito linear crescente da proteína, independente do gênero. Para o pH da água, foi observado efeito quadrático da proteína. Portanto, concluímos que o gênero, em P. reticulata, influencia a ingestão de alimentos, o crescimento, a eficiência de utilização dos nutrientes e a taxa de excreção de amônia, mas não influencia as exigências por proteína. |