Resumo |
O Si e a elevada [CO2] proporcionam, isoladamente, maiores rendimentos das plantas de arroz, por promoverem incrementos na capacidade da fonte e na força do dreno. No entanto, não são conhecidas as respostas da produção de plantas de arroz fertilizadas com silício em um cenário de aumento da [CO2]. Dessa forma, o presente trabalho objetivou analisar os efeitos da combinação do aumento da [CO2] e da fertilização com o silício sobre a produção de grãos de arroz. Utilizou-se plantas de arroz do cv. ‘Oochikara’ (WT) e seu mutante defectivo para a absorção de silício (Lsi1), cultivadas em meio hidropônico, fertilizadas ou não com Si (0 e 2 mM) e dispostas em câmaras de topo aberto, com enriquecimento de CO2 (700 ppm) e [CO2] ambiente (400 ppm). Observou-se que o silício, nas atuais condições de [CO2] e na ausência de estresses, melhorou o rendimento das plantas WT. Com o incremento da [CO2], evidenciou-se o aumento da produção, independentemente do genótipo e da fertilização com silício. Assim, o maior rendimento das plantas WT cultivadas em [CO2] ambiente caracterizou-se em um maior número de grãos, número de grãos por panículas e número de panículas por planta, maior porcentagem de grãos cheios e maior massa de grãos, resultados que culminaram em um incremento do índice de colheita para essas plantas, comparadas às suas contrapartes. A elevada [CO2] apresentou os mesmos resultados, sem, contudo, haver diferença entre os genótipos e de fertilização do Si. A ausência de resposta do silício sobre a produção em [CO2] de 700 ppm poderia ser atribuída, em parte, ao fato de que o silício possa ser menos absorvido num cenário de incremento da [CO2], uma vez que as plantas transpiram menos devido ao fechamento parcial dos estômatos. No entanto, como o mesmo padrão de resposta de produção foi observado nas plantas WT e Lsi1 (que acumulam silício diferencialmente) sob [CO2] de 700 ppm, sugere-se que o aumento da [CO2] anularia diretamente os efeitos positivos do silício, possivelmente porque as relações fonte/dreno são afetadas de modo similar tanto pelo silício como pelo aumento da [CO2]. Como conclusão, os resultados sugerem que os efeitos positivos do silício, observados sob concentrações atuais de CO2, não mais deverão ser verificados num cenário futuro de mudanças climáticas, com o aumento da concentração do CO2 atmosférico. |