Resumo |
As neoplasias intranasais representam 2% das neoplasias que acometem os cães e 80% delas são malignas. Estas têm alta capacidade de invasão local, entretanto possuem baixo potencial metastático. Há maior ocorrência em animais de meia idade a idosos, machos, de raças dolicocefálicas e de grande porte. O presente trabalho relata o caso de uma cadela da raça maltês, 12 anos de idade, 4,55 kg, atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Minas Gerais, com histórico de rinite crônica, assimetria de narinas, narina esquerda estenótica, presença de secreção bilateral e epistaxe periódica. O quadro clínico apresentava evolução de cerca de um ano e, segundo relato dos tutores, teve início após aplicação de vacina intranasal. A rinite era pouco responsiva à medicação local, havia melhora parcial com uso de fluticasona e já tinha sido realizada antibioticoterapia sem resposta efetiva. Foram realizados cultura fúngica, rinoscopia e exame histopatológico do fragmento coletado na rinoscopia. Não houve crescimento nem isolamento na cultura fúngica. Na rinoscopia, a narina esquerda apresentava massa em região de meato nasal médio, ambas as narinas possuíam secreção mucosa em quantidade moderada, perda de turbinados e destruição de conchas nasais, e elas se comunicavam pelo septo nasal em porção nasal cranial. O diagnóstico histopatológico indicou carcinoma, com anisocariose discreta e raras figuras de mitose. Para definição de fatores prognósticos, foi usada técnica de imunohistoquímica com os marcadores Mib-1 e Cox-2, cujos resultados demonstraram valores de 20% e escore 9 respectivamente. A cirurgia foi indicada para reduzir a massa e promover desobstrução nasal. No planejamento cirúrgico, a tomografia computadorizada do crânio com foco em cavidade nasal e seios paranasais demonstrou lesão expansiva ocupando toda a cavidade nasal esquerda, com osteólise do septo nasal e da face ventromedial da órbita esquerda, sem deslocamento do olho esquerdo, envolvimento dos seios paranasais frontais e placa cribiforme preservada. Procedeu-se a rinotomia bilateral com extensão dorsal aos ossos frontais para acesso aos seios paranasais frontais. Após blefarorrafia temporária para proteção dos olhos, foi feita incisão em linha média dorsal extendendo-se da transição mucocutânea do muflo até a fronte, osteotomia em configuração retangular dos ossos nasal e maxila, com extensão em configuração losangular dos ossos frontais. Grande quantidade de tecido neoplásico friável, de coloração brancacenta, bem como o septo nasal, foram ressecados sobre magnificação de 3,5x. No antímero esquerdo, a placa cribiforme apresentava lesão macroscópica de aproximadamente 1cm2, porém com meninges íntegras. Como esperado, não houve margem de segurança devido à localidade e extensão da massa neoplásica, sendo necessário uso de terapia complementar como radioterapia ou quimioterapia para resolução do caso. |