Resumo |
O Brasil é o quinto maior produtor leiteiro do mundo e para que a produtividade aumente é necessário que as produções atinjam altos índices zootécnicos, investindo em manejo nutricional, genético e sanitário. O manejo sanitário se baseia na profilaxia e controle de doenças, sendo a diarreia bacteriana de bezerros uma enfermidade comum e causadora de prejuízos econômicos na produção leiteira. Para o tratamento dessa patologia são usados fármacos antimicrobianos, porém, devido à resistência das bactérias a esses medicamentos é necessária a busca por tratamentos alternativos, como a fagoterapia. O presente trabalho teve então, o objetivo de compreender a microbiota fecal cultivável de bezerros hígidos e diarreicos, e avaliar, in vitro, o uso de coquetel de bacteriófagos isolados em enterobactérias. Foram coletadas amostras fecais de 27 bezerros do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa (DZO, UFV), destes animais, 3 apresentavam diarreia no momento da coleta e 24 nenhuma sintomatologia, contudo dentre esses 24 bezerros 13 estavam sendo submetidos a tratamento antimicrobiano. Bactérias foram isoladas das amostras e submetidas a coloração diferencial de Gram e a antibiograma. Foi constatado que os microrganismos apresentam morfologia de bacilos e bacilos curtos, sendo que a maioria, 42 de 47 isolados bacterianos (89,36%) são multidroga resistentes. 27 isolados foram selecionados aleatoriamente para extração de material genético e realização de PCR para detecção de fatores de virulência (clpG, f17A, f17G(II) e f17G(II)), sendo identificado que 16 isolados (59,37%) possuem 1 ou mais genes de virulência. Com 17 isolados, também selecionados aleatoriamente, foi realizada a curva de crescimento sem e com a presença de coquetel de bacteriófagos, que sabidamente infectam bactérias da família Enterobacteriacae. Os fagos infectaram e diminuíram significativamente e estatisticamente o crescimento de 4 das bactérias (23,53%) utilizadas nesse experimento. Portanto, constata-se que grande parte das bactérias identificadas nas fezes dos animais hígidos e diarreicos são multidroga resistentes e que somente uma parte é suscetível ao coquetel de fagos. O que demanda maiores esforços na busca de bacteriófagos que infectem um maior número de bactérias envolvidas nos casos de diarreia bacteriana em bezerros, e para que a fagoterapia, posteriormente, possa ser utilizada como tratamento desses animais obtendo cura clínica e bacteriológica |