Resumo |
Introdução: o plasma pobre em plaquetas (PPP) é uma matriz autóloga que vem sendo estudada nos mais diversos tipos de tratamento, incluindo a reparação óssea, cirurgias plásticas e tratamentos odontológicos. A fibrina presente nesta matriz funciona como uma ponte para as interações celulares, fornecendo uma matriz provisória, permitindo a proliferação e organização celular e o desempenho das funções especializadas. Além disso, começa a ser utilizada como carreador para células-tronco na terapia celular. Objetivo: Neste trabalho, objetivou-se avaliar a utilização do PPP como matriz para o tratamento de feridas cutâneas naturalmente ocorridas em cães. Metodologia: o PPP foi aplicado em quatro feridas de espessura total de pele, em cães atendidos no Hospital Veterinário da UFV. As feridas mediram, inicialmente, de 1,5 cm2 a 5,21 cm2 de área total. De cada animal, foram coletados 10 ml de sangue autólogo em tubos contendo citrato de sódio que foram centrifugados sucessivamente (700g e 1600g/ 8 minutos) para formação do PPP nos 2/3 de camada superior. No momento da aplicação, o PPP foi ativado com 0,3 ml de cloreto de cálcio a 2%, formando um gel. Após limpeza, foi realizada uma única aplicação do PPP em toda extensão da ferida, em seguida realizado curativo. Avaliou-se a porcentagem de epitelização, contração e cicatrização total da ferida em relação à área inicial, utilizando o software ImageJ. Resultados: No oitavo dia após a aplicação, as feridas apresentaram em média 55±12% de contração, 47,5±25% de epitelização e 78±13% de cicatrização. No décimo primeiro dia após o tratamento apresentaram em média 80,1±9% de contração, 65±16% de epitelização e 93±3% de cicatrização. Conclusão: O uso de terapias a base de fibrina vem se expandindo, incluindo os selantes que estão disponíveis no mercado. Contudo, o preparo do PPP é simples e com base biológica semelhante, e tem demonstrado resultados positivos no uso em cirurgias plásticas e na reparação óssea. Observa-se o efeito benéfico deste tratamento, visto que as feridas já se encontravam com menos 50% do seu tamanho original no oitavo dia, e acima de 90% de área cicatrizada no décimo primeiro dia. Este tratamento mostra-se eficaz, não oneroso e de fácil aplicabilidade, mostrando-se como mais uma opção no tratamento de feridas cutâneas. Ainda, estes resultados promissores servem como base para novos estudos utilizando o PPP como matriz carreadora para terapias com células-tronco. |