Resumo |
O contato com os conteúdos de Química tem início nas escolas, em geral, somente a partir do 9º ano do Ensino Fundamental (EF). Até então acostumados com temas da Biologia nas aulas de ciências, os estudantes se deparam com um vocabulário totalmente novo, com uma série de conceitos abstratos e raciocínio matemático, próprios das áreas exatas. Como resultado, os alunos de EF desenvolvem receios em relação a esses conteúdos, situação que se prolonga para muitos durante o Ensino Médio (EM). Outro fato observado é o baixo desempenho em Química no EM, em parte por falta de conhecimentos prévios e habilidades que poderiam ter sido desenvolvidos no EF. Jogos didáticos são instrumentos que podem ser incluídos no EF de forma a introduzir essas ciências de forma mais concreta e prazerosa, aumentando o interesse dos jovens estudantes por temas científicos e facilitando a aprendizagem. O envolvimento de estudantes do EM em atividades didáticas para o EF, num sistema semelhante à monitoria, pode também apresentar bons resultados. Este trabalho relata a construção de um jogo didático original por parte de uma estudante do EM e sua aplicação em uma aula de Ciências para turmas do 9º do EF em uma escola pública de Viçosa. Esta estratégia didática foi elaborada como parte do projeto da UFV “Químicas, Físicas e Engenheiras em Ação: Construindo Conhecimento”, com apoio do CNPq/MCTIC/MEC, que visa incentivar as meninas a seguirem carreiras em Ciências Exatas e Tecnológicas. O foco do jogo foi presença dos elementos químicos no dia-a-dia, buscando aproximar a Química ao cotidiano dos alunos. Semelhante ao clássico “jogo da memória”, onde o objetivo é encontrar imagens inter-relacionadas, neste jogo os pares consistem em cartas que trazem o nome de um elemento químico e cartas que apresentam imagens de objetos do cotidiano que apresentam o elemento em sua constituição. Todas as imagens utilizadas foram produzidas pela estudante do EM, sendo, portanto, autorais. Associado ao jogo, foi produzido um roteiro de aula para a sua aplicação, incluindo curiosidades para cada um dos elementos químicos, como o local específico em que é aplicado no objeto ou características fornecidas por ele àquele material. Os estudantes do EF participaram da atividade de forma positiva. Muitos relataram terem gostado e pediram por outras aulas com jogos didáticos. Além disso, pesquisar para construir o jogo didático e preparar o roteiro de aula permitiram ampliar os conhecimentos da estudante do EM em relação à Química. Conclui-se, portanto que a interação entre os estudantes do EM e EF através da construção e aplicação de jogos didáticos pode favorecer a construção de conhecimentos de uma forma lúdica e eficiente para os dois grupos. |