Outros membros |
Arthur Neves Passos, João Paulo Lara Alves, JOSE DE OLIVEIRA PINTO, MARCEL FERREIRA BASTOS AVANZA, Nathalia dos Santos Rosse, Rachel de Andrade Tavares, Talita Oliveira Maciel Fontes, Thiago Augusto Teles de Souza |
Resumo |
A indigestão vagal é uma síndrome de natureza nervosa, relacionada à deficiência na inervação vagal dos pré-estômagos e abomaso de ruminantes. É caracterizada pelo impedimento funcional do fluxo normal da ingesta, levando à distensão abdominal progressiva, associada a diversos sinais clínicos conforme a região afetada pela deficiência. De maneira simplificada, o fluxo da ingesta fica deficiente principalmente em dois pontos críticos, na passagem para o omaso (insuficiência no transporte omasal - ITO) e na saída pelo piloro (insuficiência no fluxo pilórico - IFP). O objetivo deste resumo é relatar um caso de ITO em bovino. Foi atendido pelo Serviço de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais da UFV, um novilho mestiço, de dois anos, em Paula Cândido - MG. O proprietário relatou que encontrou o animal separado do rebanho, apático, com distensão abdominal, e que ele pastava e defecava pouco. Ao exame físico observou-se desidratação, distensão abdominal bilateral, atonia ruminal e timpanismo moderado, além de fezes escassas. Não havia sinais de cólica e os demais parâmetros eram normais. Suspeitou-se de indigestão vagal e o proprietário foi informado da impossibilidade de tratamento efetivo para esta condição e feitas as considerações econômicas dos possíveis procedimentos para confirmação da causa. Ainda assim foi feito hidratação e alívio do timpanismo por meio de punção na fossa paralombar esquerda, visto que o uso de sonda não foi eficiente para tal, e recomendou-se manter em observação. Após três dias o animal não apresentou melhora clínica e houve agravamento da distensão abdominal, em formato denominado de “pera-maçã”, e aumento exagerado do rúmen à palpação transretal. Tentou-se o esvaziamento do rúmen por meio de sonda e, não tendo sido eficiente, foi facultado ao proprietário o encaminhamento do animal ao hospital veterinário para eutanásia, necropsia e confirmação da ITO. À necropsia foi possível constatar os seguintes achados macroscópicos: rúmen intensamente distendido, ocupando a maior parte da cavidade abdominal, com conteúdo semifluido, muito digerido e perda da estratificação; retículo repleto do mesmo conteúdo e sem qualquer alteração em sua estrutura; orifício retículo-omasal sem obstrução física; omaso completamente vazio, em posição normal, mas muito reduzido e colabado ao rúmem; abomaso e intestinos com pouco conteúdo mas sem alterações. Em conclusão, o rúmen e o retículo intensamente repletos de ingesta e omaso e abomaso vazios, sem nenhuma obstrução física, reforçaram a suspeita de ter havido uma possível disfunção na inervação vagal, o que caracteriza a Indigestão Vagal com ITO. Em casos semelhantes, sem solução terapêutica e após considerações econômicas relevantes, a eutanásia ou salvar o valor de abate devem ser avaliados. Como forma de prevenção, devem-se evitar as causas primárias das lesões vagais como objetos perfurantes no retículo; doenças do abomaso, broncopneumonias, etc. |