Resumo |
O cooperativismo pode ser definido como um sistema de ideias, valores e organização da produção de bens e serviços e do consumo, que tem as cooperativas como forma ideal de organização das atividades econômicas. Um dos principais problemas atuais enfrentados pelas cooperativas tem sido o envelhecimento dos associados e a sucessão na gestão, que afeta negativamente os processos de inovação e produtividade, colocando em risco a perenidade da organização. Este problema é ainda maior nas cooperativas agrícolas, devido a variáveis setoriais, como o êxodo rural, a urbanização do campo e a falta de perspectivas para os jovens . Diante de contexto, entendendo a importância estratégica desse tema para o desenvolvimento dessas cooperativas, este trabalho buscou compreender como ele é abordado em cooperativas agropecuárias, quais atividades estão sendo implementadas para engajar os jovens, como esses elementos - juventude, inovação e cooperativismo - se relacionam e porque os jovens podem ser considerados agentes de inovação para impactar positivamente a organização que seu meio familiar está inserido. Para isso operou-se uma Pesquisa bibliográfica, principalmente de estudos de caso sobre práticas aplicadas em cooperativas de diversos setores, e também uma pesquisa qualitativa, de caráter exploratório, com aplicação de survey, disperso na internet por meio de listas de contatos ligadas a UFV, alcançando mais de 40 gestores e profissionais da área que atuam diretamente em cooperativas agropecuárias da região Sudeste. Constatou-se que mais de 70% dos profissionais percebem que “às vezes” ou “raramente” as cooperativas acompanham o desenvolvimento tecnológico; 65% indicam que “nunca” ou “raramente” os cooperados são estimulados a pensarem soluções para suas cooperativas; 85% dos dirigentes respondentes afirmaram que “às vezes”, “raramente”, ou “nunca” fazem ações voltadas exclusivamente aos jovens, e quando fazem, na maioria das vezes são palestras; 88% dos dirigentes responderam que há “pouco interesse” por parte dos jovens nas ações realizadas. Na visão dos profissionais da área, para tornar as cooperativas mais inovadoras a organização deve mudar a cultura interna, inserir os jovens no processo de inovação e promover conexões com outras áreas ligadas à inovação. Percebeu-se, assim, que as ações para engajar os jovens nos processos de inovação e na gestão das cooperativas na grande maioria são ações descontínuas e geram desinteresse por parte dos jovens, que não compreendem seu poder de atuação na organização. Conclui-se que a inovação deve partir das pessoas, gerando valor para a cooperativa e que os jovens precisam ser desafiados e terem autonomia, o que deve basear ações educativas e profissionalizantes dentro das organizações. Portanto, um dos principais caminhos para a sucessão é o desenvolvimento de uma cultura de inovação dentro da própria organização, empoderando os jovens como o principal agente de transformação tecnológica. |