Resumo |
O setor industrial é tido como um importante locus econômico para geração de emprego e renda em um país, estando dividido em diversos subsetores, cada qual com suas especificidades. Assim, um estudo aprofundado nestes subsetores é importante para determinar possíveis alterações nas manufaturas como um todo. O objetivo do presente trabalho é analisar o comportamento dos diferentes subsetores industriais no Brasil, através de indicadores como mão de obra empregada, Valor Agregado Bruto (VAB) e uma análise de acordo com níveis tecnológicos destes subsetores. Além disso, busca-se comparar os dados brasileiros com outros países da América Latina, com o objetivo de identificar semelhanças e diferenças na região. Para a realização do estudo, foi utilizada uma base de dados de acesso restrito chamada INDSTAT 2 2015, ISIC Revision 3 da UNIDO (United Nations Industrial Development Organization). Utilizou-se a análise gráfica dos indicadores de emprego industrial e Valor Adicionado Bruto em cada subsetor das manufaturas como meio de comparar tais indicadores entre os países, buscando evidências e fatores causais importantes que expliquem a dinâmica verificada. Além disso, o mesmo padrão foi realizado para análise do valor agregado bruto para cada subsetor na economia. Deste modo, espera-se que com tal metodologia seja possível evidenciar o comportamento heterogêneo para os dados dos países em análise para o período. Identifica-se que a mão de obra na indústria brasileira apresentou significativa queda na primeira metade da década de 90. Dentro das manufaturas brasileiras, destaca-se que a partir da década de 1990, os subsetores de Alimentos e Bebidas e Coque, Produtos Petrolíferos Refinados e Combustível Nuclear aumentaram a participação no VAB das manufaturas. Já têxtil, vestidos, roupas e peles, produtos químicos máquinas e aparelhos elétricos apresentaram queda da participação no VAB das manufaturas brasileiras entre os anos 1990 e 2012. No Brasil, há uma predominância da participação das manufaturas de média e baixa tecnologia. Entretanto, baixa tecnologia domina a participação no VAB industrial apenas na segunda metade da década de 1990. Nos demais anos, há predominância da média tecnologia. Os subsetores de alta tecnologia apresentaram queda de participação na segunda metade da década de 1990. Na Colômbia, a participação das manufaturas de baixa tecnologia domina até o ano de 2004, quando passa a alternar com média tecnologia o posto de principal responsável pelo VAB. Já no México, entre 1995 e 2003 tem-se uma relação bem próxima destes dois níveis tecnológicos. Entretanto, a partir de 2004, média tecnologia passa a predominar no VAB do país. Os resultados obtidos evidenciam que a década de 1990 foi marcada por mudança intrassetorial negativa na indústria brasileira, justamente no período em que há na literatura trabalhos que apontam o início do processo de desindustrialização. |