Resumo |
O menor número de mulheres em evidência nas áreas de Ciência e Tecnologia deve-se, em parte, à abertura tardia de oportunidades para elas tanto na academia, como em empresas. Os livros didáticos de Química e Física mencionam muitos cientistas homens e, raramente mulheres, reforçando a impressão de que estas áreas se caracterizam como atividades masculinas. É um fato o maior número de homens nos cursos superiores de Ciências Exatas e Engenharias, quando comparado ao número de mulheres. Uma hipótese que se levanta é de que a pouca representatividade contribui para o baixo interesse de meninas por estas carreiras. Este trabalho se insere no Projeto “Químicas, Físicas e Engenheiras em Ação: Construindo Conhecimento”, CNPq/MCTIC/MEC e teve por objetivo verificar a percepção de alunos do 8º e 9º anos do Ensino Fundamental de Escolas Públicas de Viçosa quanto às relações de gênero nas Ciências Exatas e Engenharias. A metodologia utilizada foi a aplicação de questionários anônimos. Além da questão de gênero, o instrumento de pesquisa possibilitou verificar o interesse dos jovens por temas científicos e os canais de contato com a ciência disponíveis para eles (internet, aulas práticas, entre outros). A escolha do grupo pesquisado se deu pelo fato de ser no 9º ano que se inicia o contato com a Química e Física. Deste modo, o questionário foi aplicado para 312 alunos. Os dados coletados foram tabulados e analisados por categorias. Os resultados demostraram o interesse de 52,9% dos meninos do 9º ano pela disciplina de ciências, enquanto para as meninas este número ficou em 39,8%. Quando o conteúdo científico está disponível em canais de TV ou internet, o interesse aumenta, em relação à sala de aula, sendo de 63,2%, para os meninos, e 56,8% para as meninas. Apesar de gostarem de ciências de um modo geral, a perspectiva em seguirem carreiras nessa área é pequena, sendo o percentual de meninos interessados (13,2%) ligeiramente superior ao das meninas (10,2%). Por outro lado, 100% das meninas afirmaram que mulheres podem ser boas cientistas e 98,9% acreditam que elas podem ser boas engenheiras. Para os meninos estes números ficaram em 92,6% e 91,4%, respectivamente. Quando perguntados sobre o porquê de haver mais homens do que mulheres nas ciências exatas e engenharia destacam-se respostas mencionando a existência de preconceito e a falta de oportunidade para as mulheres. Várias respostas apontaram de forma crítica estereótipos impostos pela sociedade como o da fragilidade feminina. Em algumas respostas (de meninos e meninas) notou-se a argumentação de que os homens teriam capacidade e interesse naturalmente maiores para áreas de exatas. Para estudantes do 8º ano, que ainda não tiveram aulas de Química ou Física, os dados não apresentaram grande variação quando comparados aos do 9º ano. Porém percebeu-se nessa fase um maior interesse das meninas pelas aulas de ciências (59,1%) o que pode estar relacionado ao conteúdo predominante de Biologia nesse ano escolar. |