Resumo |
As fraturas dos ossos sesamóides proximais resultam, normalmente, da hiperextensão do aparato suspensório, podendo tanto o osso medial como o lateral de um mesmo membro ser afetados concomitantemente. De acordo com a localização anatômica, são classificadas como do ápice, corpo ou base, podendo ou não comprometer a articulação. As da região do corpo, no terço médio do osso sesamóide proximal, são definidas como articulares, sendo transversais, e resultam na separação do osso em duas partes semelhantes. Foi atendido no Hospital Veterinário (HV), setor de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais da Universidade Federal de Viçosa, um equino macho de 8 anos de idade, da raça Mangalarga Marchador que, segundo o proprietário, foi adquirido havia oito meses. O mesmo relatou que o animal seria utilizado para lazer (charrete), mas como claudicava desde que foi comprado, raramente foi trabalhado, pois quando forçado ocorria aumento de volume na região da articulação metatarsofalangeana (AMtF) do membro pélvico direito (MPD). Três meses antes de ser encaminhado ao HV, o equino foi medicado na propriedade com anti-inflamatório (meloxicam) por via intravenosa (5 dias), além de receber aplicação tópica de Ekyflogyl® (prednisolona, DMSO e lidocaína), sem melhora do quadro. No exame físico (inspeção e palpação) foi constatado aumento de volume de consistência mole, temperatura normal e com bastante sensibilidade na região correspondente a AMtF. Na avaliação do animal em dinâmica (passo e marcha), foi evidenciada claudicação discreta do MPD, com resposta positiva à poliflexão das articulações da região distal do membro (interfalangeana distal, proximal e AMtF). Finalizada a primeira parte do exame do sistema locomotor, tendo em vista a claudicação discreta e o aumento de volume na região articular, foi realizado exame ultrassonográfico da região plantar distal do membro, sendo visualizadas áreas hiperecóicas entre o tendão do músculo flexor digital profundo e músculo interósseo terceiro (ligamento suspensório), próximo à bifurcação do mesmo. Havia também efusão da bainha tendínea dos flexores digitais e da AMtF. Exame radiográfico nas projeções dorsopalmar, lateromedial e oblíquas dorsolateral-plantaromedial e dorsomedial-plantarolateral permitiu a visualização detalhada de fratura transversa completa do osso sesamóide proximal lateral, classificada como fratura do corpo. Devido à cronicidade do caso, com possível formação de fibrose entre os fragmentos, uma vez que não houve imobilização do membro, não mais estaria recomendado o tratamento cirúrgico. Entretanto, uma forma de aliviar a pressão na região é a utilização de ferradura oval de alumínio (que proporciona maior suporte na região plantar), e mais rápida saída do casco do solo, mediante rolamento feito diretamente na ferradura e pinça do casco. Infelizmente o proprietário não teve interesse em realizar o tratamento conservador. |