Resumo |
O território brasileiro possui 21 milhões de hectares degradados a serem recuperados, dos quais 2 milhões estão em Minas Gerais. O desafio na recuperação florestal é a falta de informações ecológicas e de propagação das espécies florestais nativas. Em termos de produção de mudas, o tipo de recipiente e volume podem afetar o desenvolvimento da planta. A maioria dos estudos de recipientes para produção de mudas florestais são a nível de viveiro, desconsiderando os efeitos na sobrevivência e desempenho da espécie, no campo. Diante do exposto, o objetivo do estudo foi avaliar a sobrevivência de mudas de cinco espécies florestais nativas propagadas em tubetes e sacolas plásticas, em plantio de neutralização de carbono. Foram utilizadas 90 mudas produzidas em sacolas plásticas (1.177cm³) e 90 em tubetes (180 cm³), sendo 18 de cada uma das espécies: Anadenanthera macrocarpa (Benth.) Brenan, Ceiba speciosa (A. St-Hill.) Ravenna, Citharexylum myrianthum Cham., Hymenea courbaril L. e Peltophorum dubium (Sprengel) Taubert. As mudas foram expedidas com 4-6 meses de idade e plantadas na área do Espaço Aberto de Eventos da Universidade Federal de Viçosa, compondo um dos plantios de neutralização do Programa Carbono Zero. A avaliação de sobrevivência (SB) foi realizada aos 42 meses após o plantio. O tipo de recipiente influenciou na sobrevivência das mudas, pois o SB foi de 64,4 % e 56, 7% para mudas produzidas em sacolas plásticas e tubetes, respectivamente. Em nível de espécie, A. macrocarpa, C. speciosa e P. dubium apresentaram SB maior em sacos plásticos. Para P. dubium, este recipiente e volume foram satisfatórios, refletindo em sobrevivência acima de 80%, que está dentro dos limites desejáveis em plantios de restauração florestal. Por outro lado, H. courbaril apresentou maior SB em tubetes (72,2%), o que indica que a espécie não apresenta problemas quanto à restrição de crescimento das raízes. Já C. myrianthum, em comparação com as demais espécies do estudo, obteve as menores taxas de sobrevivência independente do recipiente. Este fato pode estar relacionado com as condições de déficit hídrico do local do plantio em alguns meses do ano. O volume maior das sacolas plásticas permite maior desenvolvimento radicular e melhor absorção de água e nutrientes, enquanto, o menor volume dos tubetes, permite a obtenção de mudas mais rústicas para o plantio. Fatores intrínsecos à espécie também devem ser considerados, pois P. dubium é considerada rústica com flexibilidade a tolerar diversas condições de campo, esse fato corrobora para sua excelente performance em SB independente do volume de recipiente testado. Conclui-se que o tipo e o volume dos recipientes a serem utilizados na produção de mudas influencia na sobrevivência do plantio e devem ser escolhidos em função da espécie, já que é um fator importante a ser considerado para garantir o sucesso dos plantios de recuperação de áreas degradadas. |