Resumo |
As articulações sinoviais (AS) são formadas pela união entre dois ossos, além de estruturas moles adjacentes. Diversas são as etiologias que podem ocasionar processos inflamatórios na região. Uma das causas é a artrite séptica (ARS). Tal afecção pode ser resultante de focos bacterianos extra-articulares, como, por exemplo, feridas, que podem atingir a articulação, mediante translocação bacteriana para o espaço intra-articular. Foi recebido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Viçosa um equino de cinco anos e meio de idade, raça Mangalarga Marchador, com ferida na região correspondente à articulação interfalangena proximal (AIP) do membro torácico esquerdo (MTE), dirigindo-se distalmente para a região da articulação interfalangeana distal (AID). Imediatamente foi constatada claudicação em grau máximo para equinos. De acordo com o proprietário, a claudicação ocorreu um dia após ser submetido a cavalgada (10 km). Também havia histórico de aumento de volume na AIP do MTE. Exame físico revelou que a ferida se tratava de habronemose. Várias larvas foram retiradas, sendo, na sequência, realizado tratamento tópico (35 dias) com pomada a base de dexametasona, triclorfon, dimetilsulfóxido (DMSO) e sulfadiazina. Como o leucograma revelou possível processo inflamatório e infeccioso optou-se pelo tratamento com antimicrobianos. Após 10 dias de internamento, como não havia melhora adequada do quadro, foi realizada obtenção do líquido sinovial da AID. Durante o procedimento foi constatada completa perda da viscosidade do mesmo e alteração da coloração. Inicialmente foi realizado tratamento local com amicacina e triancinolona por via intra-articular (IA). Também perfusão regional no MTE com gentamicina diluída em salina a 0,9%, além de terapia parenteral com cefalosporina associada a gentamicina. Houve melhora superior a 50%, com evolução estável durante uma semana, quando apresentou novamente grave claudicação, após passar por uma nova infiltração IA para reposição de ácido hialurônico (AH). Em nova análise do líquido sinovial foi constatado novamente ARS da AID, sendo, nesse momento visualizado bactérias (cocos), inclusive fagocitadas por macrófagos. Diante do fato foram feitas duas lavagens IA com a salina, associada ao DMSO a 10%, e 150 mg de ceftiofur sódico®, além de antibiose e retorno da terapia parenteral, que havia sido concluída após 15 dias. Após uma semana, houve melhora de 70% da intensidade da claudicação, com prescrição de antibioticoterapia sistêmica por mais trinta dias. Até o último contato com o proprietário, o equino não apresentou piora. Podemos concluir que o ideal sempre para tratar ARS seja a artroscopia, mas é possível realizar o tratamento mencionado, mas sempre com persistência dos profissionais, além de exame diário, sendo necessária associação de várias medidas terapêuticas para conseguir debelar o processo. A reposição com AH somente foi indicada um ou dois meses de adequada resposta aos tratamentos. |