Resumo |
O Brasil é formado por seis biomas, dentre eles o Cerrado, que tem como destaque uma espécie nativa de grande importância, o barueiro (Dipteryx alata vog.), da família Fabaceae. Seu fruto, o baru, é formado por uma casca fina e escura, polpa e uma amêndoa dura e comestível. Este é fonte de carboidratos, proteínas, lipídios e minerais. Da sua amêndoa extrai-se um óleo com alto grau de insaturação que tem potencial para o preparo de alimentos. A sua fração lipídica é composta pelos ácidos oleico, linoleico, palmítico, esteárico e outros. A extração do óleo de baru é feita tradicionalmente por prensa mecânica, por ser uma operação simples e barata, porém os subprodutos ainda contem elevado teor de lipídios, o que restringe seu uso. O método de extração por solventes se torna uma alternativa, a fim de se obter maior rendimento e ser viável comercialmente. O hexano é o solvente mais utilizado por ter alta estabilidade, estreita faixa de ebulição e baixo teor residual nas tortas, porém possui alta inflamabilidade, maior toxicidade, custo e potencial poluidor, que justificam o estudo de solventes alternativos, como exemplo, etanol e isopropanol. O presente trabalho objetiva a extração do óleo da amêndoa de baru e caracterização deste quanto ao perfil de ácidos graxos, investigando o uso de solventes alternativos ao hexano: etanol e isopropanol. As extrações ocorreram em equipamento Sohxlet durante 5 horas. A composição de ácidos graxos foi realizada por cromatografia gasosa a partir da análise dos ésteres metílicos. A fração lipídica foi submetida à metilação dos ácidos graxos, saponificados com KOH, acidificados com HCl 0,8 mol L-1 e esterificados com H2SO4 0,2 mol L-1 em metanol. A análise foi realizada em cromatógrafo gasoso (GC 2010, Shimadzu, Japão), com injetor split, coluna capilar de sílica fundida SP-2560 (100 m x 0,25 mm x 0,20 µm), com gás de arraste nitrogênio, fluxo de 10 mL x min-1, volume de injeção de 1 µL, pressão de 363 kPa, rampa de aquecimento linear de 60 °C para 330 °C a 20 °C min-1. Para a identificação dos ácidos graxos, comparou-se os tempos de retenção dos picos dos cromatogramas das amostras com padrões puros de ésteres metílicos (FAME's). A quantificação foi realizada pela normalização de área, expressando-se o resultado em percentual de área de cada ácido sobre a área total de ácidos graxos (%). Os óleos extraídos com os solventes hexano, etanol e isopropanol, apresentaram as seguintes composições, respectivamente: C16:0 (palmítico) (7,01 %; 8,56 % 7,07 %), C18:0 (esteárico) (4,68 %; 5,40 %; 4,52 %), C18:1 (oleico) (48,35 %; 48,78 %; 49,98 %), C18:2 (linoleico) (28,02 %; 27,19 %; 28,30 %). O óleo de baru apresentou um alto grau de insaturação, principalmente constituído pelos ácidos oleico e linoleico, os quais não se diferenciam de forma significativa conforme o solvente utilizado. Assim, é possível concluir que a substituição dos solventes alternativos ao solvente hexano se mostrou eficaz. |