Resumo |
Espécies de Eucalyptus têm grande aplicabilidade no setor florestal e o uso de técnicas da cultura de tecidos na sua propagação vegetativa proporciona uma produção de mudas em larga escala em curtos períodos de tempo e espaço. Todavia, no cultivo in vitro as plantas apresentam o metabolismo heterotrófico devido à adição de sacarose ao meio de cultura, baixa irradiância e vedação dos frascos que não permitem trocas gasosas. Esses fatores influenciam negativamente na transição para metabolismo autotrófico, afetando a sobrevivência ex vitro. Este trabalho avaliou o efeito de diferentes qualidades de luz no crescimento inicial de um clone de Eucalyptus benthamii com o objetivo de induzir o metabolismo autotrófico nas microcepas e assim aumentar a sobrevivência no processo de aclimatização. Segmentos nodais do clone, com dois pares de folhas, foram inseridos em frascos de vidros de 250 mL contendo 60 mL de vermiculita e 45 mL do meio WPM líquido, suplementado com 15 g L-1 de sacarose, 100 mg L-1 de mio-inositol, 800 mg L-1 de PVP, 0,2 mg L-1 de AIB e 0,2 mg L-1 ANA, autoclavado a 121ºC por 20 min. Os frascos foram vedados com tampa rígida de polipropileno e, após 32 dias de cultivo, substituídas por tampas do mesmo material, contendo dois orifícios (10 mm) cobertos com membranas MilliSeal®. Após a troca das tampas e até o final do experimento, foi realizada quinzenalmente a reposição de 8 mL de meio WPM líquido. O delineamento experimental foi de três tratamentos, com 5 repetições de 4 frascos, sendo eles: T1 - Luz fluorescente (irradiância de 33,21 μmol m-2 s-1, 40 W, Osram®, Brasil); T2- Duas lâmpadas diodo emissor de luz LED com 2 canais no vermelho 660 nm e no azul 450 nm (irradiância 33,21 μmol m-2 s-1, 19W, LabLumens); T3- Duas lâmpadas LED com 8 canais na cor vermelha 660 nm e 13 canais na cor azul 450 nm (irradiância 88,12 μmol m-2 s-1, 36 W, Tecnal). As plantas foram mantidas em sala de crescimento, com fotoperíodo de 16 horas de luz e temperatura de 25±2ºC. Após 68 dias de cultivo, foram avaliados: sobrevivência (S%), clorose (C%) e comprimento da planta (CP). Os dados foram submetidos à Análise de Variância e as médias comparadas com o teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro, com auxílio do programa R. Não houve diferença na S% entre os tratamentos. Foi observada menor C% no T1 (46%), T2 e T3 apresentaram a mesma C% (85%). T1 apresentou maior CP (3,6 cm), acompanhado por T2 (3,2 cm) e T3 (3,1 cm). Era esperado que os tratamentos T2 e T3 fossem mais eficientes no crescimento do clone de E. benttamii, visto que 660 e 450 nm são os comprimentos de onda utilizados na fotossíntese. Contudo, o efeito dos comprimentos de onda 660 e 450 nm não superaram o T1 após 68 dias de cultura. Sugere-se a avaliação do efeito de diferentes qualidades de luz no início do cultivo in vitro sob condições autotróficas, de modo a compreender em qual fase da indução do metabolismo autotrófico cada qualidade de luz será mais eficiente. |