Resumo |
A proposta desta pesquisa é avaliar a atuação dos órgãos de mulheres nos partidos políticos brasileiros. Mais especificamente, avaliamos se o funcionamento dessas organizações representa uma ação afirmativa, no sentido de alterar efetivamente o quadro de sub-representação feminina, ou se a existência do órgão expressa apenas um compromisso retórico com vista a maximizar os ganhos eleitorais. Para tanto, circunscrevemos a análise em três âmbitos: a pesquisa documental, dividida entre estatutos partidários e os regimentos dos órgãos de mulheres; a análise virtual, dos sítios eletrônicos partidários e dos organismos de mulheres e entrevistas com secretarias, coordenadoras e presidentas dos referidos órgãos. Neste trabalho serão apresentados os resultados da pesquisa documental, que se trata de uma atualização da análise desenvolvida por Tavares (2016). Cabe ressaltar que, devido ao fragmentado sistema político brasileiro, optamos por analisar apenas as 25 agremiações que elegeram representantes na 55ª legislatura (2015-2018). Os resultados encontrados a partir da análise dos estatutos partidários indicam que: os órgãos de mulheres são pouco detalhados nos documentos oficiais das agremiações, especialmente no que se refere aos processos de recrutamento de candidatas e candidatos; poucas organizações de mulheres possuem um regimento interno próprio, o que indica certo grau de informalidade; apenas 17 dos 25 órgãos analisados possuem endereço eletrônico, sendo que apenas 8 dispõem de um site específico para a organização; as dificuldades encontradas na pesquisa em fontes formais - documentos e sites - reaparece nas seis entrevistas realizadas com lideranças partidárias. A análise dos sítios eletrônicos, em conjunto com os estatutos e entrevistas, mesmo com limites metodológicos, sugere que os órgãos de mulheres encontram desafios para se efetivarem como estratégia de inclusão de mulheres nos partidos, dada sua debilidade organizacional e os poucos esforços concentrados nas ações de comunicação via websites. |