Resumo |
INTRODUÇÃO: O aumento no consumo de alimentos processados e ultraprocessados (UPP) têm sido observados nas últimas décadas. Os alimentos processados são aqueles que possuem adição de sal, açúcar e óleo, enquanto que os UPP são ricos em gorduras saturadas, gorduras trans, sódio, açúcares de adição (principalmente frutose), são energeticamente densos, possuem maior resposta glicêmica, fornecem menor saciedade e contêm aditivos alimentares, além de serem altamente palatáveis e apresentarem um baixo custo, podendo contribuir no aparecimento e/ou agravamento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como as doenças cardiovasculares (DCV), hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus (DM), obesidade e câncer. OBJETIVO: Avaliar a relação entre o consumo de alimentos processados e UPP e biomarcadores metabólicos em uma população com risco cardiovascular. MÉTODO: Estudo transversal realizado com 325 indivíduos (H= 135; M= 190) com risco cardiovascular, todos atendidos no Programa de Atenção à Saúde Cardiovascular da Universidade Federal de Viçosa (PROCARDIO-UFV) (ReBEC id: RBR-5n4y2g). Dados sociodemográficos, clínicos, antropométricos e bioquímicos foram coletados por meio de prontuário. Todos os participantes assinaram ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFV (Of. Ref. nº 066/2012/CEPH). O consumo dos alimentos foi determinado mediante um recordatório de 24h e o grau de processamento definido de acordo com a classificação NOVA. Para avaliar a normalidade das variáveis utilizou-se o teste de Kolmogorov-Smirnov, sendo utilizado o nível de significância de 5%. Para avaliar a relação entre o consumo de alimentos processados e UPP com nutrientes (macro e micronutrientes) utilizou-se a correlação de Spearman. A regressão linear múltipla foi utilizada afim de avaliar a associação entre o consumo de alimentos processados e ultraprocessados com biomarcadores metabólicos, ajustados por sexo, idade e atividade física. Todas as análises estatísticas foram realizadas no SPSS, versão 22. RESULTADOS: Em relação à ingestão calórica total na amostra, processados e ultraprocessados contribuíram com cerca de 11,1% e 25,9%, respectivamente. O consumo mais elevado dos alimentos UPP foram observados entre mulheres, adultos, aqueles indivíduos não comprometidos e aqueles com dislipidemias. Ainda, o consumo de UPP se associou positivamente com fatores de risco cardiometabólico, como o colesterol total e LDL-c, bem como com calorias, sódio, gorduras saturadas e trans. CONCLUSÃO: O consumo de processados e UPP se associaram positivamente com fatores de risco cardiometabólico e com nutrientes relacionados a esses fatores de risco. Nossos resultados reforçam a necessidade de orientação nutricional para redução do consumo desse grupo de alimentos, em especial entre mulheres, adultos, indivíduos não comprometidos e dislipidêmicos. |