Resumo |
Causas idiopáticas relacionadas à baixa qualidade espermática em humanos têm sido atribuídas em parte à exposição aos metais pesados. No entanto, a toxicidade dos metais pesados é descrita de maneira inespecífica e genérica para todos os metais. Cada metal pesado tem um conjunto exclusivo de características e, consequentemente, uma toxicidade que deve ser avaliada para proceder com específica precaução e apropriado reparo. A principal fonte de exposição humana aos metais pesados é a oral, entretanto, a principal via utilizada em estudos é a intraperitoneal. Assim, objetivou-se comparar a toxicidade aguda, via oral e intraperitoneal, de alguns metais pesados (arsenato (As+5), arsenito (As+3), cádmio (Cd), chumbo (Pb), cromo (Cr) e níquel (Ni)) na produção diária de espermatozoides (PDE), no número de espermatozoides (NE) e no tempo de trânsito epididimário (TTE). Para isso, 70 camundongos foram distribuídos em 2 grupos (A e B), sendo o grupo A exposição oral (Or), por gavagem, e o grupo B exposição intraperitoneal (Ip). Cada grupo foi constituído de 7 subgrupos (n=5/subgrupo), onde os subgrupos 1 receberam salina (controle), os subgrupos 2 receberam As+5, os subgrupos 3 receberam As+3, os subgrupos 4 receberam Cd, os subgrupos 5 receberam Pb, os subgrupos 6 receberam Cr e os subgrupos 7 receberam Ni, todos na dosagem de 1,5mg/kg de peso corporal. Os animais foram eutanasiados 7 dias após a exposição. Os resultados foram analisados por ANOVA seguida de post-hoc Student Newman Keuls (p≤0.05). A PDE (por testículo e por grama de testículo) reduziu com ambas as vias de exposição aos metais As+5, Cd, Pb, Cr e Ni, assim como o NE nos testículos e por grama do órgão. Embora o NE na cabeça/corpo do epidídimo não alterou após exposição oral aos metais, foi verificada redução após a exposição intraperitoneal ao As+3, Cd, Pb, Cr e Ni (e por grama de órgão reduziu após exposição ao Pb e Cr). Já o NE na cauda do epidídimo aumentou após exposição oral ao Cr (somente por grama do órgão) enquanto que a exposição intraperitoneal a todos os metais desencadeou diminuição desse parâmetro. Quanto ao TTE, a exposição oral ao Pb causou aumento desse parâmetro na região da cauda. Diferentemente, a exposição intraperitoneal aumentou o TTE na região da cabeça/corpo do epidídimo dos animais que receberam As+5, As+3, Pb, Cr e Ni e ainda aumentou o tempo de TTE na região da cauda dos animais que receberam Cr e Ni. Assim, fica estabelecida a seguinte ordem de toxicidade oral entre os metais pesados em estudo: Pb>Cr>As+5=Cd=Ni>As+3 e a seguinte ordem de toxicidade intraperitoneal: Cr>Ni>Pb>As+5>Cd>As+3, estas estabelecidas por análise comparativa dos impactos encontrados nos parâmetros analisados. Desse modo, concluímos que cada metal causa um impacto específico nos espermatozoides e que a exposição intraperitoneal desencadeia alterações mais severas que a exposição oral, na mesma dosagem. |