Resumo |
Vriesea longistaminea C.C. Paula e Leme é uma espécie endêmica do Sudeste do Brasil e ocorre exclusivamente em áreas de campo rupestre ferruginoso no estado de Minas Gerais, nos municípios de Nova Lima, Itabirito e Mariana, e é considerada uma das bromélias mais raras nesse ambiente. Todas as subpopulações dessa espécie ocorrem sobre canga, algumas em áreas de atividade de mineradoras. Na Lista Oficial da Flora Ameaçada de Extinção do Brasil está na categoria “Criticamente em Perigo” (CR). Os estudos de germinação fornecem informações importantes para subsidiar programas de conservação das espécies por meio de propagação sexuada. Diante disso, este estudo teve como objetivo investigar os estágios iniciais do desenvolvimento da espécie por meio da análise da morfologia da semente, da germinação e do desenvolvimento pós-seminal, fornecendo subsídio para propor possíveis causas da sua restrita ocorrência natural. A análise da morfologia externa foi realizada com auxílio de um Microscópio Estereoscópio. Para estudo da germinação, foram avaliadas oito repetições com 50 sementes colocadas para germinar sobre papel germitest, dentro de caixas plásticas do tipo gerbox, higienizadas com álcool 70%. O conjunto foi mantido em Câmara de Germinação mod. 347 CDG (FANEM ®), sob temperatura alternada (20-30ºC), com fotoperíodo de oito horas. Os resultados para morfologia da semente mostraram sementes filiformes, de tegumento castanho avermelhado, com apêndices plumosos esbranquiçados, de comprimento 15,6 ± 0,9 mm, presentes apenas na extremidade micropilar. As sementes, sem os apêndices plumosos, medem em média 3,82 ± 0,32 mm de comprimento e 0,32 ± 0,0745 mm de largura, com peso de 1.000 sementes de 0,69475 ± 0,004166 g. No teste de germinação, observou-se uma porcentagem de germinação igual a 77,25 ± 1,63% aos 12 dias e índice de velocidade de germinação (IVG) de 2,86. O desenvolvimento pós-seminal é marcado pela germinação epígia com formação de plântulas criptocotiledonares. Os resultados referentes aos estudos dos estágios iniciais do desenvolvimento de Vriesea longistaminea permitem inferir que pode haver uma correlação direta com a sua baixa ocorrência em seu habitat natural. O lento desenvolvimento das plântulas sem emissão de raízes adventícias nas sete primeiras semanas dificulta o seu estabelecimento sob as condições ambientais extremas, típicas dos campos rupestres ferruginosos do Brasil. |