Resumo |
Essa pesquisa se faz sobre a documentação de primeira Visitação da Inquisição de Lisboa às partes do Brasil, onde separei cinco processo dentro de um recorte temporal e espacial, abarcando os anos de 1591 à 1593, quando o tribunal inquisitorial atuou na Bahia . Em um contexto de expansão da fé católica e colonização do território brasileiro, a Igreja buscou, com as expedições inquisitórias, uma fiscalização maior dos costumes e práticas que aconteciam a oeste do oceano atlântico.Com o objetivo de buscar maior entendimento do papel feminino na América portuguesa analisei a documentação referente aos processos de mulheres condenadas pelo crime de sodomia, que contesta uma ideia de misoginia em uma sociedade patriarcal e a coloca como um sujeito plural e multifacetado. Da mesma forma, acredita-se que a pesquisa permitiu entender como a presença do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição no Brasil Quinhentista e suas influências causaram transformações nas relações sociais, com reflexos nas relações de poder vividos na América portuguesa, bem como colaborou para colocar foco no papel das mulheres na história, diminuindo o apagamento vivenciado pela historiografia sobre o tema. Partindo de uma metodologia de história social procuramos comparar temas como a moral difundida e pregada na colônia, encontrados em guias de normatização do comportamento, e tais comportamentos femininos tidos como desviantes. Ao analisar como se davam as relações homossexuais entre mulheres no Brasil colônia, presentes nos processos encontrados na etapa baiana da primeira Visitação do Santo Ofício ao Brasil, comandada pelo inquisidor Heitor Furtado de Mendonça, perceber-se como aquelas mulheres que foram formadas para cuidar da casa e do lar encontravam, por vezes, nas relações sexuais homoafetivas, uma forma de escapar dessa rotina, bem como de encontrar afeto e realizar seus desejos, fugindo à opressão do mundo patriarcal em que estavam inseridas. Contudo, as práticas sexuais entre pessoas do mesmo sexo eram condenadas pela Igreja, fazendo com que as relações homoafetivas sofressem perseguições por parte do Santo Ofício, levando a diversas punições e sentenças. Pode se concluir, a partir da analise das fontes primarias, a dimensão domestica como um lugar de autonomia feminina, já que tais comportamento aconteciam dentro das próprias casas como uma busca de satisfação pessoal, entre outros motivos, com o intuito de suprir os males de um casamento não desejado e sim encomendado, para além disso o espaço domestico era designado ao sujeito feminino que utilizava desse espaço da sua maneira. |