Resumo |
Esta pesquisa analisa como o sétimo princípio cooperativista – interesse pela comunidade – se manifesta em termos de diversidade racial e de gênero na comunicação organizacional do cooperativismo de crédito. O estudo se concentra no Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob), Sistema das Cooperativas de Crédito Rural com Interação Solidária (Cresol) e do Sistema de Crédito Cooperativo (Sicredi). O percurso metodológico envolveu: 1) questionários enviados aos setores de comunicação dos três referidos sistemas, além do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop); e 2) análise de conteúdo das publicações no Facebook relacionadas a datas comemorativas (Dia das Mães, Dia do Cooperativismo, Dia dos Pais, Dia do Cooperativismo de Crédito e Festas de Fim de Ano). Os materiais analisados, constituídos pelas publicações do Facebook e das respostas recebidas com os questionários, foram estudados por meio do método da análise de conteúdo (BARDIN, 2011). Ao cruzar as informações dos setores de comunicação com as campanhas postadas na rede social, foi verificado se houve valorização da diversidade nas campanhas de divulgação, e ao mesmo tempo perceber se coerência entre o que a concepção de diversidade adotada discursivamente pelos entrevistados e a sua manifestação nos trabalhos apresentados nas peças de comunicação de cada cooperativa. Os resultados obtidos revelam que as cooperativas e o Sescoop compreendem a comunicação como um espaço que pode contribuir para a efetivação dos princípios do cooperativismo. Os três sistemas afirmam que possuem ações de comunicação relacionadas ao princípio de interesse pela comunidade e que existe relação entre este preceito e a diversidade. Quando questionadas sobre a importância da diversidade, racial e de gênero, nas ações comunicacionais as cooperativas afirmam que buscam a representatividade afim de atingir todos os públicos com os quais se relacionam. Entretanto, as 48 peças analisadas durante o ano de 2018 mostraram pouca adoção de diversidade. Entre as três organizações, apenas o Sicredi demonstrou maior preocupação com o tema estabelecendo minimamente uma representação racial diversificada, e incluiu em uma das postagens uma pessoa com deficiência. As representações femininas das três cooperativas, mesmo que mais igualitária em termos numéricos com as masculinas, ainda são padronizadas pelo padrão hegemônico de brancas, magras e jovens. O Sescoop, órgão que trabalha a educação cooperativista, afirmou que não realiza orientações para a valorização da diversidade nessas organizações e que não trabalha com o tema nas ações de comunicação. Esta pesquisa não percebeu a relação entre o princípio cooperativista de interesse pela comunidade e a busca pela representatividade racial e de gênero por parte das cooperativas, não somente na comunicação do sistema, mas também na formação do seu quadro de colaboradores. |