Resumo |
Atualmente um grande desafio se impõe no campo da educação: vive-se um momento de inclusão educacional/social. A singularidade humana contempla tanto as características físicas, da personalidade, como da educação. No entanto, a educação brasileira, em muitos casos, é pensada para a aprendizagem de iguais. Mas é essencial compreender que os indivíduos também possuem suas particularidades nos momentos de ensino-aprendizagem e é importante respeitá-los dentro de suas individualidades, havendo suporte e conferindo autonomia para todos. As pessoas deficientes são diferentes, mas não desiguais, então é preciso equiparar as oportunidades, tanto acadêmicas como em outras áreas, este é o preceito da inclusão. O presente trabalho teve o propósito de realizar um mapeamento dos percursos formativos dos alunos com deficiência que ingressaram na Universidade Federal de Viçosa/UFV, campus Viçosa, no ano letivo de 2018, cujo total foi de 37 alunos. Com este propósito foi realizada uma pesquisa de natureza qualitativa, com a metodologia da história oral para a coleta de dados, a fim de levantar as histórias da vida acadêmica dos alunos antes de ingressarem na UFV e as experiências dentro da Universidade até então. Todos os alunos que aceitaram participar da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e o método de coleta de dados foi o de entrevistas, gravadas em áudio e/ou vídeo, com 14 estudantes de cursos diferentes, sendo 7 alunos com deficiência física, 2 com paralisia cerebral, 3 com deficiência visual e 2 com deficiência auditiva. As análises já realizadas demonstram que todos os alunos estudaram em escola pública regular, sendo que 2 também estudaram em escola particular; alguns tiveram dificuldades em relação à acessibilidade estrutural e de ensino e outros, por nascerem deficientes ou terem adquirido a deficiência quando crianças, cresceram autônomos e não demandaram recursos das escolas nas quais estudaram. Na universidade não é diferente, os alunos que demandaram recursos nas escolas também demandam neste espaço. De acordo com as entrevistas, a família e a escola de 12 estudantes entrevistados apoiaram e acompanharam o processo escolar, e incentivaram o ingresso na Universidade, principalmente as figuras femininas das famílias. Além disso, a maioria dos estudantes escolheram a UFV devido a sua localização, já que muitos são nativos da cidade de Viçosa/MG ou moradores de cidades próximas. Os dados analisados até então demonstram que as escolas não estão preparadas estruturalmente para receber alunos especiais, bem como a maioria dos professores. Alguns professores, tanto da educação básica como da educação superior, demonstraram interesse em auxiliar os alunos, mesmo não tendo nenhuma formação na área, outros deixaram a desejar nesse quesito. Os estudantes evidenciaram uma grande diferença entre a atuação dos docentes nas escolas e na UFV. |